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segunda-feira, 11 de abril de 2011

l'arrivée de la cavalerie



Em resposta ao belíssimo artigo publicado na FolhaOnLine, pelo filósofo Hélio Schwartsman, comentando sobre o recente livro de também filósofo Michel Onfray, "Le Crepuscule d'une Idole - L'Affabulation Freudienne" (O Crepúsculo de um Ídolo - A Fabulação Freudiana), ainda não publicado no Brasil, escrevi:
Bruno, excelente comentário, e gostaria também de elogiar a bela matéria do Hélio. O livro infelizmente ainda não foi lançado em português, também não consigo um exemplar em inglês, e meu francês é muito "petit poá", de forma que pude acompanhar as entrevistas de Onfray pela internet, e tive a honra de trocar alguns e-mails diretamente com ele.

Como disse a Onfray, foi como "l'arrivée de la cavalerie"... Estive durante anos escrevendo sobre o que considero um dos grandes absurdos históricos, Freud... Sou implacável quando se trata de Freud, e mesmo a questão do inconsciente está sendo revista sobre uma nova ótica, menos "compartimentada". A Neurociência Cognitiva, e uma verdadeira revolução em outras área como a Genética e a Biologia, estão reescrevendo o entendimento de "Como a Mente Funciona", parafraseando Pinker. Tudo está mudando, a psicanálise nunca foi ciência como você bem disse, de forma que seus feitos nunca foram comprovados....

O "Complexo de Édipo" é uma falácia, e remonta do desejo doentio de Freud com respeito à própria mãe, assim como um profundo desprezo pelo pai. No famoso caso do "Pequeno Hans", onde Freud estudo a fobia do menino por cavalos; concluindo que o menino considerava os freios do cavalos, similares ao bigode de seu pai, e daí o medo da castração pelo seu pai, em virtude de seu desejo pela sua mãe. Quando apresento semelhante diagnóstico, o pai disse que o trauma decorreu de uma queda de uma cavalo anos antes. E só.

No caso do enjôo nos primeiros meses de gravidez, Freud concluiu tratar-se da tentativa de aborto por parte da mulher, "vomitando o feto", em razão da rejeição sexual do marido. Atualmente sabemos que durante as primeiras semanas de gestação, o organismo rejeita alimentos registrados por nosso cérebro como contendo risco de intoxicação. Passado o período crítico de formação do feto, o organismo sede e a ingestão de alimentos é novamente normalizada. Como Freud não foi confrontado com a questão do organismo confundir o útero com o estômago?

Compartilho da visão de Onfray de que Freud simplesmente projetou a si mesmo em sua psicanálise. E o impacto de seus devaneios são comparáveis ao impacto de qualquer religião. Resta saber como faremos a transposição do conhecimento moderno sobre a mente para os nossos sistemas clínicos e educacionais. E a Onfray desejo boa sorte contra a Inquisição Psicanalítica. Um forte abraço a todos.


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