Nos últimos dias, as redes sociais foram invadidas por uma enxurrada de comentários e links de um vídeo sobre um criminoso de Uganda. "Kony 2012" faz um apelo para tornar Joseph Kony, o líder do Exército da Resistência do Senhor (ERS), mundialmente conhecido e, assim, pressionar autoridades internacionais a detê-lo.
Kony se diz um porta-voz divino e quer que Uganda seja regida pelos Dez Mandamentos. Ele é conhecido pela brutalidade com que comanda invasões de aldeias que promovem a morte dos adultos e o sequestro de crianças. Meninos se transformam em soldados do grupo e as meninas se tornam escravas sexuais. Ele usa passagens bíblicas para justificar suas ações e costuma mutilar o rosto das crianças. Sabe-se que seus seguidores obedecem fielmente as regras e rituais impostos por ele.
O vídeo foi produzido pela ONG americana Invisible Children e é narrado por um de seus fundadores, Jason Russell. Essa organização luta pelo fim do poder de Kony e afirma que ele já forçou 66 mil crianças a aderir seu movimento nas últimas duas décadas. A campanha também convoca os espectadores para um protesto mundial no dia 20 de abril, quando vários simpatizantes da causa devem espalhar cartazes e adesivos sobre o caso em várias cidades do mundo.
Após os atentados de 2011, os EUA declararam o Exército da Resistência do Senhor um grupo terrorista. Em 2005, Kony foi indiciado por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional e desde então figura na lista dos principais criminosos procurados internacionalmente. Em outubro, o presidente americano, Barack Obama, autorizou o envio de tropas militares para ajudar o Exército de Uganda a prendê-lo. Desde a criação do Exército da Resistência do Senhor, Kony já liderou ações de terror em países como Uganda, República Democrática do Congo, Sudão e Sudão do Sul.
"A única forma de detê-lo é mostrar que vamos prendê-lo", afirma o promotor-chefe do TPI, Luis Moreno Ocampo, no vídeo.
Apesar das mensagens de apoio à causa terem se multiplicado internet afora, muitos internautas chamaram atenção para o trabalho que a Invisible Children faz. As críticas vão desde a falta de citação ao presidente Yoweri Museveni, que está no poder há quase tanto tempo quanto Kony e ainda não o deteve, até o envolvimento da ONG com milícias que também cometem abusos (como por exemplo Exército de Libertação do Povo Sudanês), passando pela falta de transparência nas contas da organização.
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