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terça-feira, 28 de junho de 2011

C´est La Vie...




(..) Você lamenta que, necessitemos recorrer à memória, ou seja, às nossas lembranças, quando lembrei a você de que na realidade ‘não temos escolha’... Pois a memória é involuntária, recuperá-la também... Na verdade, acho que a questão está mal colocada... Devemos nos preocupar, sem idéias pré-concebidas, em entender primeiro 'como a mente funciona'?... Como a memória funciona... Para então, e pelo entendimento, ‘saber’... E finalmente 'aceitar', por trata-se - simplesmente - da realidade... E aí já não cabe recurso, ou seja, ‘a vida é assim e pronto, então que legal, vamos nessa, vamos surfar esta onda’... Ou seja, não escolhemos como a vida é, assim como não escolhemos como funciona o nosso cérebro...

Precisamos antes disso, claro, validar o processo, ou os processos de investigação sobre ‘como a mente funciona’, ou ‘o que é a mente’, ou até mesmo ‘o que é a vida’... Mas dispomos de tais processos, eles são objetivos, exatos? Sim, dispomos de tais processos, pela Neurociência, pela Genética... E sim, tais processos são objetivos, e de certa forma são 'exatos', ou estão evoluindo rapidamente para refletir padrões exatos, ou melhor seria dizer ‘úteis’, ou ‘suficientes’...

E partindo deste conhecimento, ou deste entendimento, devemos aceitar a vida como ela realmente é, e sem lamentar-nos, jamais... Pra quê, por quê? Não bate com nosso sonho encantado? Mas quem induziu tal sonho? Disney, Marvel? Talvez estas fantasias, dependam diretamente da cultura à qual pertencemos, e do tempo em que vivemos... ‘Think about it’!!! Isso é elementar, e fundamental, para que logremos certa harmonia com a própria vida... Aceitá-la e celebrá-la... Como ela é... Desejar que fosse diferente, não ajuda... Entende o meu ponto de vista? Parafraseando Francisco de Assis, ‘trate de mudar o que pode ser mudado, aceitar o que não pode ser mudado, e desenvolver a maturidade, e a capacidade, para discernir uma situação da outra’... Sem a ajuda de forças sobrenaturais, rsrsrsrsrs, claro... Sem deuses, nem demônios...

E posso assegurar que a vida, assim como ela realmente é, é maravilhosa e muito mais instigante que qualquer fantasia ou desejo... E é tudo o que temos, e lamento informar... Também 'sabemos', hoje em dia, sobre o papel e a impulsão que a Genética exerce, sobre as nossas vidas e ações... O nosso afeto é em grande parte 'determinado' pela Oxitocina e pela Vasopressina... A Dopamina também entra neste complexo de: apaixonar-se e desapaixonar-se, de querer ou não ter filhos, ou de cuidar muito ou pouco dos filhos, ou mesmo de ser mais sociável ou menos... Para alguém que vive apaixonado, tudo bem; mas quem não consegue expressar sentimentos, ou mesmo emocionar-se com frequência, costuma rolar uma sensação de culpa do tipo: 'sou insensível', ou 'você não estabelece laços', 'não expressa o que sente'... Ou mesmo ‘não quer ter filhos porque não é uma boa pessoa’, ou ‘não desenvolve um grande interesse pelos filhos que tem’...

Por acaso, e apenas por acaso, remo a favor da corrente, e isso porque naturalmente sou muito afetuoso, sensível, super pai, super 'mãe', rsrsrsrsr... Grudado e apaixonado pela vida, e pelas pessoas... Muito amoroso e protetor... Um viciado em Oxitocina... Talvez um desequilíbrio acentuado pela retirada precoce de minhas amígdalas, muito em voga nos anos 60 e 70, rsrsrs... Mas hoje entendo, como as pessoas que remam contra a corrente se sentem... E sei - pelo conhecimento - que 'ninguém é culpado por ser quem é'... São apenas diferentes do padrão que está na moda... Você por exemplo difere do padrão, a por vezes até acho que segue outro voluntariamente outro padrão, ou seja, ‘ser diferente’, rsrsrsrs... Mas sabe muito bem o preço que paga por isso... Você não é assim porque quer ser... Você simplesmente é assim e pronto...

O nosso afeto, por exemplo, começa a sendo regido pela Genética, e pela subsequente conformação neurofisiológica, anatômica, e na quantidade e localização dos  neuroreceptores para a Oxitocina e Vasopressina; assim como, em decorrência de fatores bioquímicos - e que também tem origem na Genética -, no equilíbrio ou na produção de tais hormônios (proteínas), além da Dopamina, da Serotonina, e outros hormônios correlatos... E isso é só o começo... Aí entra a cultura e a cadeia de eventos particular de nossas  vidas; o lado comportamental, a memória, o aprendizado; e finalmente, 'somos quem somos sem intencionar sê-lo... mas somos, e responderemos legalmente por nossos atos'... 

Isso esvazia a culpa medieval da falácia do livre-arbítrio, e lança um olhar realmente humano, solidário e realista, sobre a natureza de nossos comportamentos...  E se soubermos onde - realmente - estamos, será muito mais fácil decidir pra onde ir... Parafraseando - por exemplo - Mark Twain, e muitos outros, e bons, trataram desta questão, 

'O maior problema não está na ignorância, ou no fato de algumas pessoas saberem pouco... O problema, é acreditarem que sabem muito, e com arrogância, quando estão fragorosamente enganadas'...

Carlos Sherman

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