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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Um cristão escondido entre os arbustos, e o cheiro do esterco...



Um amigo cético, publicou o desafio e o devaneio acima - com confessa ironia... RESPONDI A QUESTÃO:

Escrever para um 'mito'? Para qual 'deus' em especial? Ele, se existisse, não poderia simplesmente 'ler' o que penso, ou saber quem sou? É incrível como o imaginário vai longe em seus devaneios...

Um certo Antonio Carlos Correia, que se auto-define como "esoterico, espiritualista [...] socialista, de esquerda" e, pasmem, trabalhando "por um mundo sem fronteiras", estabelece a seguinte fronteira:

"Quem olha essa paisagem e não enxerga Deus, seria melhor que não tivesse olhos, assim talvez poderia sentir sua presença."

A virulência de seu 'desejo cristão' de que eu não tivesse olhos, como punição apenas não seguir vossos devaneios, suscitou a seguinte reflexão:

Quem 'vê' essa paisagem e não se satisfaz com a beleza da vida, imaginando para si uma posição central no Universo, e dando de ombros para a acachapante realidade evolutiva e orgânica que o cerca, enquanto carateriza uma tal criação moralista e 'intencional' a trabalhar em seu favor; quem, em troca de suplicas e submissão, deseja cegar - como lição - aos que teimam em discordar de seus dogmas, julgando-se apoderado por um deus mítico - da Idade do Ferro -, que crê, em vão, prescrutar, vingativo, por entre os arbustos - tal e qual descrito em seus livros 'sagrados', quando, covarde, vocifera sobre a 'imundice' de nossos irmãos leprosos, ordena a execução de infiéis, dedicando seu epílogo fatídico a uma vingança macabra para todos aqueles que teimaram em comer o fruto proibido do conhecimento e do discernimento entre o que é bom e mal - condição 'sine qua non' para a conduta ética; quem arrota certezas pudicas, infantis, vis, e desconhece o caráter patético de seus próprios medos e contradições; quem têm olhos, mas não vê, cérebro, mas não usa, teme e verdade, teme aquele que é diferente, livre, ousado, e integro intelectualmente; este sim padece da delicada condição de fitar a natureza, não sendo capaz, no entanto, de sentir mais do que o cheiro do esterco, que exala de seus preconceitos... Triste destino dos acéfalos em cristo... Criminosos em potencial, dispostos a cegar àqueles que veem o que eles jamais serão capazes de ver: a grandiosidade ímpar da natureza contida em universo amoral, porquanto finito e real... Somos maravilhosamente imperfeitos, humanos, troppo umanos - e só, e basta... E não fomos capazes, em nossa vã tentativa, de alucinar deuses que pudessem suplantar a grandeza de nossa pequenez... Não, senhor, o seu deus imaginário não é capaz da pena que sinto de vós e de sua insolente mediocridade...

Carlos Sherman

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