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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Sobre 'amores' a 'amares'...




Sobre 'amores' e 'amares'...

Longe de pretender uma conclusão sobre um tema que considero 'semântico', 'referencial', subjetivo e complexo, gostaria de provocar a reflexão... Lembrando que o 'amor' é, antes de mais nada, uma 'palavra' inventada - como outras - e um recurso linguístico, que pretende definir 'referencialmente' um complexo de estados emocionais e de conduta... Trata-se de uma referência semântica ou linguística... Ou seja, a tentativa de comunicação entre duas pessoas, comprando suas experiências... De forma que, e per si, o conceito linguístico de amor poderá ser bem diferente para você, para mim, e para os demais... 

Supondo que, esta palavra, carregada de significado dramático - e variável ao longo do tempo, das diferentes culturas e da história da civilização - pudesse significar a mesma coisa para um grupo de pessoas; o grupo ao qual eu pertenceria, seria aquele que define amor ou AMAR, como sendo um impulso para DAR, o ato de DAR para produzir o bem estar do outro... Um verbo, portanto, uma ação... O ato de DAR sem requerer uma contrapartida ou  'payback' direto... Considero pois o 'amor' como o ato de dar, ou seja, empenhar a sua energia, reservas alimentares, recursos, atenção, tempo, em melhorar as condições de outra pessoa, e não a sua, ou além da sua... este é o meu sentido de AMAR... É assim que entendo, é assim que professo, e é assim que vivo o amor... Por exemplo, daria a vida por um número reduzido de pessoas, minhas filhas, minha família... Este para mim seria o maior ato possível de amor, e por quê? Porque não permite nenhum tipo de relativização da condição pura do amor, posto que, como cético e descrente em deuses e em super-poderes da imortalidade, não receberei absolutamente nada pelo gesto... Ou seja, estarei realmente dando o que tenho de mais precioso e derradeiro: a minha própria vida... E não hesitaria em dar a vida por minha família... 

Prefiro, parafraseando Drummond - que por sua vez parafraseou Mário de Andrade -. falar em AMAR: VERBO INTRANSITIVO... Lembrando que 'os verbos intransitivos resumem um sentido dispensando complementos... E vou além, para dizer que o meu AMAR, semântico e referencial, é uma CAPACIDADE e não um sentimento... E adentro um pouco mais a questão dizendo que esta capacidade tem forte impulsão genética, estimulada ou não pelo aprendizado, e tal fenômeno comportamental, AMAR, é regulado por hormônios - cadeias proteicas... 

AMAR é DAR, e o benefício de amar fica 'RETIDO NA FONTE', por quem dá, porque quem ama... É pessoal e intransferível... Trata-se de feedback, e não de payback... Tenho confiança nesta abordagem... Amar é a manifestação extrema, em desapego e genuíno sentido de dar... Mas trata-se de uma capacidade genética, que pode ser modificada pelo aprendizado, mas dificilmente inventada a partir do nada - ou sem trocas e objetivos concretos, como negociar a salvação religiosa... Ou seja, a genética de quem dá, nutre-se da bioquímica e da sensação de dar... Este é o feedback - diferentemente de payback... Fazer o bem pelo bem de fazer... Isso é para poucos... Para fugir às tentações 'relativizadoras', estou considerado aqui e nesta análise, que 'o bem' significa prover abrigo, alimento, proteção, etc... Parâmetros vitais, e logo universais - presumo... Não esperem por ajudas que caem dos céus, pelas mãos de deuses e magos... O tempo é implacável e finito... Levantem-se e AMEM hoje, já; pois só AMANDO entendemos e vivemos o AMOR... Não existe outra forma nem outro meio, e somente lendo 'aforismos' bíblicos não chegaremos a parte alguma... Nunca chegamos...

Carlos Sherman

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