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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Curto é Lúcido VIII




(..) A 'ciência' é a antítese da crença... Ou cremos ou sabemos... O divisor de águas naturalmente é a prova... Aliás, uma intercorrência absolutamente necessária quando pretendemos ser justo e não criar confusão... Não podemos acusar sem provas, nem postular verdades sem provas...

(..) Outro gigantesco equívoco é considerar 'crença' como sinônimo de sensibilidade... A crença, o desespero da crença anda lada a lado com as 'vulnerabilidades'... Quanto mais vulnerável, mais crente... Vulnerabilidade neurofisiológica, psicológica ou intelectual... "Quem nada sabe em tudo crê" - Jam Neruda...

(..) Não há nada de belo em crer... É exatamente o contrário... Lembrando a todos alguns dos 'hereges' que entenderam esta mensagem, como Cora Coralina, Drummond, Machado de Assis, Quintana, Pessoa, Borges, Neruda, Garcia Marques, Humberto Eco, Saramago, Jabor, Veríssimo, Varella, etc...

(..) Não existe droga mais poderosa do que a REALIDADE, e não entendo - e esta é uma pergunta retórica, afinal entendo - porque as pessoas fogem para drogas menores como a cocaína, a religião, o sobrenatural... A Biologia da Crença opera sobre vulnerabilidades, mas não sobre a 'sensibilidade'... Charles Chaplin, David Gilmour, Roger Waters, Lennon, McCartney, que o digam....

(..) Crer não é nobre, é desesperado... Crer não é decorrência da sensibilidade e sim do medo... Crer não é digno, na verdade denota severos desvios de confirmação... E tudo isso porque apela para a fantasia, ao invés de apaixonar-se pela vida REAL... A ciência foi inventada para testar a nossa lucidez... E alguém disse, e bem dito, que um crente não é mais feliz do que um descrente, assim como um bêbado não é mais feliz do que um homem sóbrio - acho que foi Bernard Shaw...

(..) Na verdade considero que o verbo 'crer' está intimamente relacionado com a 'fé'... Cremos, em função da adesão ao estado torpe da fé... Ou seja, precisamos atuar sem mínimas evidências, e crer, em função da teimosia da fé... E desculpem-me por ser um pouco duro com isso, mas insisto que não existe nobreza na fé, e ao contrário... Sei que pessoas de bem, como foi o meu caso, vivem e viveram imersas e no obscurantismo da fé, mas esta posição não é defensável como digna... Não deveríamos usar o verbo CRER... Se tenho evidências, SEI, e não preciso crer... Se não tenho evidências, não sei, e então não deveria me.manifestar, o que dirá 'crer'... Mas posso especular, o que também não pode ser confundido com 'crer'... Este é o resumo da ópera... Insisto que podemos esperar para saber, e aprender, sem o recurso da fé, sem o desespero de crer...

Carlos Sherman

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