A entrega de um ser humano à sorte, em uma máquina de caça niqueis e em busca de recompensas, pode até ser 'fervorosa', mas o resultado deste embate sempre será regido randomicamente... E cada lance nunca guardará, rigorosamente, nenhuma correlação com o anterior...
Mas 'acreditamos em superstições de sorte e azar', usando a mesma camisa, repetindo uma determinada sequência de ações ou um rito, ficando em uma perna só na hora de apertar o botão, ou procurando repetir qualquer 'pretenso padrão', por mais exótico ou esdrúxulo que possa parecer... E isso, para que o ritual afete o resultado em nosso favor... Ledo engano...
Mas 'acreditamos em superstições de sorte e azar', usando a mesma camisa, repetindo uma determinada sequência de ações ou um rito, ficando em uma perna só na hora de apertar o botão, ou procurando repetir qualquer 'pretenso padrão', por mais exótico ou esdrúxulo que possa parecer... E isso, para que o ritual afete o resultado em nosso favor... Ledo engano...
Procurar padrões é uma característica humana evolutiva.... Foi desta forma que sobrevivemos até aqui... Somos animais estatísticos - naturalmente - na busca por alimento ou tentando escapar de predadores, até chegar à nossa selva de pedra... A inteligência, pode ser descrita como o grau de sofisticação na capacidade de reconhecimento de padrões... No entanto, existem dois 'padrões de erros' que podem ser cometidos na tentativa de encontrar os 'padrões para a vida':
1. Falhar em não reconhecer um padrão real - ou seja, um padrão de fato será rejeitado;
2. Reconhecer equivocadamente um padrão como real - ou seja, um padrão que na verdade não existe, ilusório, será tomado como real;
Os religiosos, criacionistas, ou aqueles que negam o holocausto, comentem comumente o erro tipo 1, ignorando toda a ciência em toda a sua riqueza de detalhes em favor de crenças infundadas, adentrando também o espectro do erro tipo 2, porque passam a buscar confirmação para os seus dogmas religiosos acreditando em falsos padrões... Os crentes nos fenômenos espirituais, paranormais, esotéricos, OVNIs, abduções, cometem primeiro o erro tipo 2, mas inequivocamente também acabam por cometer o erro 1...
Na verdade o Espectro das Superstições engloba as duas falhas clássicas no processo de aprendizado, juntas ou em separado... As superstições vão desde crenças religiosas até os ditos fenômenos paranormais, passando por teorias conspiracionistas e pseudocientíficas - do tipo Zeitgeist -, e englobando até mesmo a adesão a ideologias políticas... Surpreendentemente, a fezinha na hora de jogar na sena repetindo números, ou acreditando na premonição dos sonhos, e até mesmo em correlações do futebol - o Corinthians não perde jogando com o uniforme reserva e em casa -, nos remetes aos mesmos equívocos cometidos por religiões e esoterismos em geral: A Superstição...
A Superstição, seu impacto e abrangência, não é aceita com facilidade pelos seus devotos praticantes... É negada, ou simplesmente não é percebida, e por inúmeros fatores... Superstição é a crendice do outro... Mas trata-se invariavelmente de erro ou ilusão... E está bem mapeada e estudada... A neurociência conhece boa parte dos truques da mente humana, e nossa tendência a 'acreditar em fenômenos causais'...
Temos afinidade por eventos de causa e efeito simples... Eventos causais... Onde uma causa é responsável direta, e muita vezes única, de um determinado efeito... Mas o universo, a natureza e a vida humana, estão marcadas sobretudo por fenômenos caóticos, randômicos, estocásticos, probabilísticos... O clima é um sistema caótico... Tenho que rir baixinho quando escuto todos os taxistas dizerem após o 'bom dia': 'este clima está louco'... Sim, o clima 'é louco'... Nem todos estamos preparados para dormir com este barulho, e continuamos recorrendo ao 'simplismo causal', e daí tanta confusão, revoluções, guerras, fogueiras, mortes, e religião... Daí o espaço para estelionatários, e esquizofrênicos que não estão diagnosticados como tal, e um exército de crentes... Daí tanto sofrimento...
O grande Charles Darwin, um dos homens mais importantes na saga humana, disse que 'a nossa inteligência difere dos demais animais apenas em grau, e não em tipo'... É um fato... Começamos a entender a neurologia humana aprendendo sobre os neurônios do camarão de água doce, analisando o sistema neural de roedores, e até mesmo o comportamento de pombos...
Todos os animais com um sistema neurológico minimamente desenvolvido, podem desenvolver 'superstição'... Há sessenta anos Skinner estudou pombos submetendo estas pobres aves ao reconhecimento de padrões, e obtendo grande sucesso em suas observações e diagnóstico - mas errou em formular uma teoria para a mente humana... Primeiramente as aves eram estimuladas a repetir padrões 'bicando' três botões, até encontrar a sequência certa, e um dispositivo eletromecânico tratava então de recompensá-las com alimento... Os pombos aprendiam a sequência, e repetiam, até que Skinner reprogramava a sequência... As aves continuavam tentando até encontrar a nova sequência, que logo era assimilada...
Skinner finalmente 'imitou a vida' e colocou a máquina em modo randômico... Então os pombos repetiram o processo de tentativa e erro, e esporadicamente acertavam, aprendiam, mas a sequência já não funcionava... Foi então que algo extraordinário aconteceu: os pombos começaram a desenvolver 'superstições'; como 'olhar para trás duas vezes' antes de 'bicar' os botões, 'ficar em uma perna só' na hora de tentar a sorte, et coetera...
Imaginem o impacto que as superstições tem em nossas vidas, considerando quão imaginativos e complexos nós - seres humanos - somos???
A mesma inventividade que nos remete à criatividade nos remete ao engano... A Evolução não criou um dispositivo para acertos e outro para enganos... É precisamente a capacidade de abstração humana que nos remete a erros e acertos... Repetindo o conceito de que a 'inteligência', em minha concepção, é a medida de nossa capacidade de reconhecer padrões, repetirei também os dois problemas básicos que podem advir de nossa tentativa de aprender:
1. Falhar em não reconhecer um padrão real - ou seja, um padrão de real será rejeitado;
2. Reconhecer equivocadamente um padrão como real - ou seja, um padrão que na verdade não existe, ilusório, será tomado como real;
Mas o nosso sucesso evolutivo dependeu e depende de sobremaneira da superação destes dois obstáculos ao aprendizado, ou seja, acertando em reconhecer os padrões da vida, e rejeitando padrões ilusórios... Mas pagamos o preço da Evolução através de incontáveis erros, e ainda pagamos... O divisor de águas neste processo é o Método Científico, seguido do Positivismo e do Ceticismo... Nesta revolução histórica na arte de pensar, passamos a exigir evidências para as nossas observações e as ilusões puderam ser descartadas...
Muito do que se aceita e venera até hoje como 'filosofia' não passou de achologia, adivinhação ou verborragia... E deveria ocupar espaço apenas como referência histórica, e nunca como genuíno exercício do pensar; posto não resistir ao exercício da epistemologia, ou da validação da 'pensabilidade' e do Método...
Para aqueles que teimam em contextualizar tais desvios, quero lembrar que Aristarco e Epicuro, assim como Hipócrates e Demócrito, viveram no mesmo contexto de outros, bem menos interessados em qualquer tipo de prova ou evidência, mas sempre à postos para a hermenêutica da natureza e da vida... Enquanto Aristarco, a partir de evidência lia nos céus que a Terra girava em torno do Sol, outros por crença e superstição, ou seja, por engano, apontavam na direção errada... Plantão insistia no perfeito, na perfeição de deus, na perfeição dos Cosmos... Aristóteles insistia em seus modelos postulados, sem a devida comprovação ou evidenciação... Sob pretexto de filosofar, muita superstição chegou até nós como sagrada, e indiscutível...
"Mas por que você deveríamos acreditar em tudo isso que foi dito aqui?" Parafraseando Michael Shermer: 'Não deveriam'... Não acreditem em coisas, não conjuguem o verbo crer na primeira pessoa do singular ou plural... Não tem a menor utilidade, e ao contrário, produziu toda sorte de problemas... Estudem, pensem, investiguem, saibam, ou não... Mas se não souberem, sejam cautelosos, e não ocupem palanques para criar ainda mais confusão... E não infestem suas vidas de superstições...
Mas por que acreditamos em coisas absurdas? Humanos sadios e inteligentes, sem lesões ou problemas crônicos no cérebro, acreditam em coisas tolas, estúpidas, ou absurdas, porque em algum momento vulnerável de suas vidas tais ideias foram incutidas através da doutrinação... Hoje utilizam suas mentes inteligentes para defender inteligentemente coisas sem sentido ou até mesmo aberrações... Felizmente isso pode ser mudado... Aconteceu comigo, pode acontecer com você...
Muito do que se aceita e venera até hoje como 'filosofia' não passou de achologia, adivinhação ou verborragia... E deveria ocupar espaço apenas como referência histórica, e nunca como genuíno exercício do pensar; posto não resistir ao exercício da epistemologia, ou da validação da 'pensabilidade' e do Método...
Para aqueles que teimam em contextualizar tais desvios, quero lembrar que Aristarco e Epicuro, assim como Hipócrates e Demócrito, viveram no mesmo contexto de outros, bem menos interessados em qualquer tipo de prova ou evidência, mas sempre à postos para a hermenêutica da natureza e da vida... Enquanto Aristarco, a partir de evidência lia nos céus que a Terra girava em torno do Sol, outros por crença e superstição, ou seja, por engano, apontavam na direção errada... Plantão insistia no perfeito, na perfeição de deus, na perfeição dos Cosmos... Aristóteles insistia em seus modelos postulados, sem a devida comprovação ou evidenciação... Sob pretexto de filosofar, muita superstição chegou até nós como sagrada, e indiscutível...
"Mas por que você deveríamos acreditar em tudo isso que foi dito aqui?" Parafraseando Michael Shermer: 'Não deveriam'... Não acreditem em coisas, não conjuguem o verbo crer na primeira pessoa do singular ou plural... Não tem a menor utilidade, e ao contrário, produziu toda sorte de problemas... Estudem, pensem, investiguem, saibam, ou não... Mas se não souberem, sejam cautelosos, e não ocupem palanques para criar ainda mais confusão... E não infestem suas vidas de superstições...
Mas por que acreditamos em coisas absurdas? Humanos sadios e inteligentes, sem lesões ou problemas crônicos no cérebro, acreditam em coisas tolas, estúpidas, ou absurdas, porque em algum momento vulnerável de suas vidas tais ideias foram incutidas através da doutrinação... Hoje utilizam suas mentes inteligentes para defender inteligentemente coisas sem sentido ou até mesmo aberrações... Felizmente isso pode ser mudado... Aconteceu comigo, pode acontecer com você...
Cogita tute - Pense por si mesmo...
Carlos Sherman
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