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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Sobre Porcos e Homens



[Dedicado ao amigo BUZZO]

Um amigo publicou a imagem com a respectiva mensagem - em inegável alusão ao descalabro político em nosso país... 

Segue a minha reflexão:

Assim é... O efeito rebanho... E o problema é que os "falsos positivos" - i.e., os vieses cognitivos equivocados e até mesmo absurdos - estão deitados sobre a natureza e a trajetória humana - apesar das inequívocas conquistas... De forma que nosso cérebro evoluído até a savana africana é causal, maniqueísta, animista, intencionalista, idólatra, sectário, etc. - e sem demérito... Parece, mas não estou criticando o homem; estou apenas tecendo considerações sobre sua condição humana - troppo umana...

A lucidez não é a regra! De forma que "desenvolvemos" a metodologia científica para tatear na escuridão, testando a nossa própria lucidez... Lembrando que "ciência" - "scientia" -, não passa da terminação latina para a palavra "conhecimento"...

P.S.: Isso sem contar que o cara do balde parece palmeirense, rsrsrsrsrsrs - mas essa é outra estória...

Carlos Sherman

terça-feira, 22 de setembro de 2015

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Não perca tempo com as batalhas que você não precisa lutar!



Não perca tempo com as batalhas que você não precisa lutar! Mas, afinal, o que realmente importa?

[Para Indi, minha esposa]

Hoje refletia sobre estes dois pontos. O primeiro deles me veio na forma de uma chamada para um artigo em inglês que me pareceu incompleto e inconcluso. Apesar do excelente título o artigo não respondeu ao que prometia responder; ou talvez eu tenha esperado algo mais, algo além do que o autor poderia alcançar, e desconfio que o tom pomposo e messiânico possa justificar o fracasso deste intento. O segundo ponto veio exatamente para responder ao vazio deixado pelo primeiro, já que – repito – a chamada me pareceu estupenda: Não perca tempo com as batalhas que você não precisa lutar! Mas, afinal, o que realmente importa? O que merece ou não o nosso sangue, suor e lágrimas?

Enquanto debatia com a minha adorável esposa sobre uma eventual crise em seu ambiente de trabalho, percebi o quanto nos debatemos em arenas que simplesmente não nos levaram a nada... Mas bem sei, pela neurociência e pela genética comportamental – e isso impede que este post seja creditado à seção de auto-ajuda - que ‘nós somos quem somos sem intencionar sê-lo’... Ao que a minha esposa agregaria: “ninguém dá o que não tem”... Ou ainda, e parafraseando a Schopenhauer, poderíamos resumir com brilhantismo que: nós aparentemente escolhemos, desejamos, mas não podemos escolher o que iremos escolher, ou desejar o que iremos desejar... Nem podemos esperar que as pessoas reajam como nós, ou como gostaríamos que reagissem, ou como o mestre Shaolin lhes indicou, ou como este post ou aquele orienta que façamos... De forma que apenas as pessoas suscetíveis ao aprendizado, e com a necessária maleabilidade comportamental, reconhecerão o valor destas reflexões; e isso, se de fato houver algum valor nas ideias que serão dispostas a seguir, ou se houver algum valor na forma como as envelopo e encaminho, através da linguagem e do tom escolhido...

Aterrissando do passeio neurofilosófico, gostaria de retornar às lutas que merecem ou não serem travadas... Como exemplo, acredito que todos se lembrarão de alguma personificação daquele cara que só liga quando tem algum problema: o “interesseiro”, o “chupinha”... Bem, eles existem e estão por toda parte; e você conhece o cara - ele só liga quando precisa de alguma coisa, e sem nunca agregar qualquer valor às suas lutas. Este cara não passa de um aproveitador! Então o que faremos? Daremos ao “tipinho” uma tremenda lição de moral, e nos desgastaremos com esta luta? E este é o ponto!

E a minha resposta é: DEPENDE! Depende de quê? De ‘cui bono’; de qual o benefício para as nossas vidas. E por nossas vidas eu também entendo as nossas causas. A vida, a vida biológica, está sempre nos cobrando sobre “o benefício de fazer algo", ou "qual o seu benefício?” - sendo implacável em sua contabilidade. Então, e se o aproveitador está apenas passando ao largo, não percamos tempo com ele; mas se ele está em seu caminho, se está – por exemplo – furtando a sua luz, roubando o seu brilho... então a questão é outra: este cara precisa ser enfrentado. Ainda assim, não ganharemos nenhum round agindo com raiva ou amargor, e tais emoções só servirão para nos depauperar, ofuscando ainda mais o nosso eventual valor. 

Por outro, comento que a nossa capacidade de lidar com problemas ao longo do dia é limitada; como um tanque de combustível que vai sendo consumido – e isso também vem da neurociência. Além de que, os nossos vieses de humor também dependerão de nossa neurofisiologia, além da nossa rede de relacionamentos diárias - onde ricocheteamos com uma bolinha de ‘pinball’ -, das substâncias e alimentos que ingerimos, entre outras influências sobre o tênue equilíbrio bioquímico de nosso cérebro. Sendo assim, uns disporão de tanques maiores do que outros, uns disporão de mais reservas neuropsicológicas para lidar com problemas do que outros; de forma que, e mais uma vez, não se preocupe com o espertalhão, a menos que ele esteja diretamente em seu caminho.

Tenho uma natureza calma, “pero” aguerrida... Quando estou tratando daquilo que Russell batizou de “integridade intelectual”, torno-me um guerreiro audaz; muitas vezes fora de hora, e sem a correta medida, e luto lutas que definitivamente não me convém lutar. Acalento um conceito filosófico, que serve como excelente desculpa ao meu orgulho ferido, de que estou contribuindo – naquele debate pelo Facebook – para "um futuro melhor, ao confrontar a ignorância e o fascismo com um brado retumbante"... Mas "cui bono?"... Mas, se isso realmente é verdade em algumas “batalhas”, em outras a minha irritação não passa de investimento inútil de tempo ou e precioso conhecimento... 

Recentemente, e só recentemente, tenho sido capaz de “deixar passar” algumas lutas inglórias; e este não é um convite à passividade – e jamais... Este é um convite ao necessário estabelecimento de prioridades diante de uma vida finita, de um tempo finito para “lutar”... E, sendo assim, deixo passar algumas “pendengas estúpidas”, não respondo, e muitas vezes esqueço a mensagem mal-criada em minha caixa de entrada... Mas, para aqueles que mantêm o respeito, a minha resposta sempre virá, e nunca deixo dar atenção a minha correspondência diária – mesmo que seja apenas para dizer “obrigado”...  

E voltando as batalhas que merecem ser lutadas, recomendo ainda que nunca utilizemos a técnica da "terra arrasada"... E nunca dinamitemos “pontes”... O ódio pode parecer um remédio para o seu orgulho ferido, mas isso não passará de ilusão cognitiva. A misericórdia o tornará admirável, e certamente servirá de exemplo, mesmo aos que capitularam diante de sua insistente e efetiva superioridade... 

No mais, concentremo-nos naqueles que querem viajar conosco, e realmente nos reconhecem como companheiros de viagem... Não precisamos trabalhar e conviver apenas com os nossos "gêmeos univitelinos", mas sem dúvida alguma devemos trabalhar para e com quem compartilhemos sonhos e objetivos. Enfoquemo-nos naqueles que nos reconhecem como companheiros ou líderes, e deixemos os desafetos pra lá – sempre e quando não sejam adversários diretos... E se assim for, e se houverem contendas, sejamos honrados e éticos... 

Ninguém pode alegar dispor de bons motivos para não se empenhar em fazer a coisa certa... E "ter tempo" - ou não - para dedicar-se a algo, não passa de uma questão de prioridade – lembre-se! Evite ser cortante, e sem essa de bater no peito para dizer que “eu sou assim, e sempre serei assim” – pois não existe mérito algum na grosseria e na arrogância, nem mesmo se vier da barriga, ou do berço... Somos essencialmente sociáveis – o homem, a humanidade; ser desumano e agressivo não o tornará mais respeitável, contribuindo apenas para infundir o medo... E medo e amor – ou amizade - não caminham sobre a mesma via... 

Um líder não precisa ser temido, mas admirado... A inigualável violoncelista Jacqueline du Pré tinha algo espetacular a dizer sobre isso:

"A primeira responsabilidade de um líder é definir a realidade. A última é dizer obrigado. Entre estes dois extremos o líder é deve servir.” - Jacqueline du Pré

E algo mais a declarar...

"A melhor coisa - em qualquer momento - é estar disposto a desistir de quem somos, afim de nos tornar tudo o que podemos ser." - Jacqueline du Pré

Finalmente não nos esqueçamos da regra de ouro: o mundo dá voltas – a as pessoas que passam por você na subida podem ser as mesmas que você encontrará na descida... Não importa o quão brilhante e talentoso você seja, e no fim das contas, a única coisa que fica é a memória de como você tratou as pessoas... 

Então, e sendo assim, aproveito estas derradeiras linhas para pedir perdão a quem quer que eu possa haver magoado, justa ou injustamente - afinal o meu objetivo sempre foi corrigir a injustiça, e nunca causar a dor... O meu propósito, aliás, sempre foi de seguir em frente, contribuindo de uma forma ou de outra para aliviar o sofrimento alheio... E ainda tenho tempo para melhorar – e este texto visa infundir o mesmo desejo em VOCÊ...  

Humano, troppo umano – até o fim...

Carlos Sherman

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Que País é Esse?



ESTA PUBLICAÇÃO DE 27/10/2014 FOI DE MUITAS FORMAS PROFÉTICA... TRISTEMENTE PROFÉTICA... MAS INSISTO NA QUESTÃO - e atualizo minha reflexão: QUE PAÍS É ESSE?

Dedicado ao amigo Buzzo...

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Que País é Esse?

Não estão reconhecendo? Trata-se da República do Maranhão - sob tutela vitalícia da família Sarney... Mais acima está o protetorado do Amapá... Quando a fanática e cínica 'Meire Finelon' chama Dilma de "RAINHA", sinto-me também tentado a reconhecer o "principado de Roseana Sarney"... Este curral eleitoral, amplamente denunciado pelo PT em tempos idos, curvou o Brasil à megalomania narcisista e inescrupulosa de um só mafioso: o capo, o poderoso chefão, o LULA! Mas a sua hora vai chegar; tem que chegar, ou viveremos o descalabro...

"No Amazonas, no Araguaia, na Baixada Fluminense, Mato Grosso e nas Gerais, e no Nordeste 'tudo em paz'... Na morte eu descanso, mais o sangue anda solto, manchando os papéis, documentos fiéis, ao descanso do patrão... Que país é esse?" - Renato Russo

Esta foi a letra igualmente profética que todos, acima dos 40 e abaixo dos 60, entoamos embalados pelo som do Legião... 

Pois bem, aqueles que hoje celebram a eleição de mais um mandato para esta quadrilha, acusaram, no passado, sem dó ou piedade, marginais como Edson Lobão, a família Sarney, Collor, Calheiros, Sérgio Cabral, Maluf... de manterem CURRAIS ELEITORAIS... Eles estavam certos ao denunciá-los, mas não pelo motivo correto, e sim pelo exercício da demagogia, do populismo, e da propaganda cínica... E isso porque os currais continuaram a ser utilizados - sem dó ou piedade - para os mesmo fins eleitoreiros - "SOB NOVA DIREÇÃO"... 

Os votos, que garantiram a perpetuação de tais escroques no comando da política brasileira, vieram diretamente destes CURRAIS... O que Lula - e sua máquina de propaganda - chamava de zona do coronelismo e das oligarquias, hoje lhe serve na condição de LEAIS ALIADOS... Que tipo de "lealdade" é essa, que abole a consciência e a verdade da pauta do dia? 

Mas os currais eleitorais de ontem são "o povo escolhido" de hoje, o lado "pobre e sofrido" - objeto do discurso vil e atrasado do velho maniqueísmo da "luta de classes"... Pará, Amazonas, AMAPÁ e MARANHÃO - o Maranhão de Sarney - GANHARAM ESTA ELEIÇÃO... 


A diferença de votos total foi de 3,5 milhões; e pouco mais de 1,5% deram a vitória ao regime fascista que domina o país há 12 anos... Se a oposição dispusesse de menos de 2,0 milhões destes 3,5 milhões de votos, seria vitoriosa... Sejamos exatos, pois a verdade se esconde nos detalhes: Dilma recebeu 54.501.118 de votos, contra 51.041.155 - isso nos dá uma diferença exata de 3.459.963 votos válidos... Para 'salvar o Brasil' precisaríamos da metade destes votos +1... Certo? Precisaríamos de exatos 1.729.982 votos... Isto seria suficiente para ganhar a eleição por apenas um voto... Mas, vejamos onde estão estes votos!

Sarney, como já denunciei inúmeras vezes, comete crime eleitoral ao falsificar sua residência no Amapá - que o reelegeu várias vezes; apesar de controlar monarquicamente o Maranhão, hoje nas mãos suja de sua filha - e era exatamente isso que Lula dizia pensar sobre este imbróglio... Mas os tempos e os discursos mudaram... E qual é o lado do poder? Parafraseando a um falecido político catarinense, devo anuir tristemente que O PODER É COMO UM VIOLINO, TOMA-SE COM A ESQUERDA E TOCA-SE COM A DIREITA... Toma-se com um discurso dito de esquerda, e governa-se com uma prática dita de direita...

Mas os votos que elegeram a família Sarney seguidas vezes no Amapá e no Maranhão foram depositados TODOS na urna do esquema do PT! Nesta eleição, somados os votos de Maranhão e Amapá, e subtraídos os votos correspondentes à oposição, temos exatos 1.892.695... Entenderam? A família Sarney ganhou esta eleição... Seu curral foi suficiente para a eleição de Dilma... Mas isso agora é transformado numa luta "contra o povo", "contra a mulher", "contra o pobre", "contra  negro" - um gesto ainda mais irresponsável e vil que visa o conflito entre irmãos brasileiros... O maniqueísmo em sua pior versão: Lula e o 'Alzheimer Seletivo' político... Mas eles, os crápulas, ainda dispunham de outros trunfos - como os votos sórdidos de Collor, Calheiros, e Sérgio Cabral no Rio... Que país é esse? 

'Tropa de Elite' foi somente um filme, mas denunciou a verdade; pois o 'mal' - representado por Lula e vascularizado país adentro -, encontra-se no efetivo comando das ações... Esses marginais corruptos usam a inocência popular; e são capazes de praticar - como no famigerado vídeo em que Lula e Cabral humilham uma criança - hediondo preconceito com um menino corajoso capaz de enfrentar aos graúdos cínicos de plantão; mas ele é apenas um menino - e é humilhado... Um menino enfrentou com dignidade aos dragões do pântano; os mesmos monstros autárquicos que um outro ex-menino chamado Joaquim - ex-presidente do STF - ousaria enfrentar... E poucos tentaram impedir que este homem fosse ilhado, isolado, e finalmente caluniado; poucos e bons: como Carlos Vereza - tratado por internautas como um mero "ator global" e "golpista"... 

Que país é esse? O país da doentia e abjeta Sandra Leite Teixeira - aprendiz de fascista? Dos militantes petistas que conclamam seus comparsas a "meter uma bala" na cabeça do presidente do STF do Brasil - ou de quem quer que seja? Isso enquanto acusam: "golpistas"!!! Golpistas? Isso equivale ao fundamentalismo mais abjeto, xiita, e manipulado aqui por um monstro sujo - "o LULA"... Isso equivale aos crimes do estado islâmico ou "lulâmico" - vide cadáver de Celso Daniel...

Joaquim nos alertou que esta não era uma luta étnica, racial, sexista, muito menos de classes - afinal Lula e Dilma estão entre os mais ricos do Brasil... O opositor Aécio, tendo o poder nas mãos, ainda precisaria se esforçar muito para amealhar a fortuna de Lula e Dilma - "os representantes do povo"... É isso que também pensa Hélio Bicudo, 92 anos, jurista e político brasileiro, militante dos Direitos Humanos, fundador emérito do PT, e vice - arrependidíssimo - de Lula na eleição pelo governo do Estado de São Paulo: "O Lula é o fascismo no Brasil!"... 

E Bicudo dá o seu testemunho e o seu exemplo de cidadania, ao pedir na semana passada o impeachment da "rainha do Brasil" - e verás que um filho teu não foge a luta... É isso o que pensa o recifense Chico Oliveira, 81 anos, sociólogo brasileiro, também fundador emérito do Partido dos Trabalhadores: "O Lula não tem escrúpulos!"... Não fomos capazes de responder aos clamores e apelos insistentes de homens íntegros; como Plínio Soares de Arruda Sampaio, falecido no ano passado - advogado, intelectual e ativista político brasileiro, também fundador do PT... 

Homens "aparentemente" dignos, como o político Jean Wyllys, também se curvaram à hermenêutica do "o inimigo de meu inimigo é meu amigo" - equivalente em seu negativo ou "o amigo de meu amigo é meu amigo"... Essa lógica demagógica e mafiosa será uma mácula em sua 'consciência individual' - um passo necessário e indispensável a quem pretende advogar em nome da luta pelas liberdades individuais... Enquanto Lula debocha: "[...] Pelotas? Exportando viados?"...

Onde foi parar a dignidade de Wyllys? - Wyllys, entenda e capitule: você votou com Collor, Sarney, Lobão, Calheiros, Maluf e Cabral; e votaria lado-a-lado com Dirceu, Genoíno, Youssef e Paulo Roberto da Costa, se estivessem soltos... Onde está o "Ficha Limpa", Wyllys?

- É isso aí Wyllys, belo trabalho [sic]! Como será daqui pra frente? Como será possível enfrentar os corruptos e bandidos que você vinha combatendo? O apoio de escroques como Bolsonaro à campanha da oposição veio no esteio do apoio de Marina Silva - e é circunstancial; mas a troupe de Dilma e Lula é uma parceria de longa data, controlando o legislativo e garantindo foro privilegiado para os marginais que você 'diz combater'...

- Wyllys, um homem lúcido e de bem deve combater proposições,  uma a uma, e não embaralhá-las até que encenem um truque de ilusionismo: "Cadê a integridade intelectual? Desapareceu! Pufff!"... Pois é exatamente o conceito de integridade intelectual, conforme nos ensinou Bertrand Russell, que nos impede de calar a liberdade individual de expressão diante de conchaves políticos, ou em troca de favores pouco atidos aos interesses públicos - porque o tiro pode e vai sair pela culatra... 

O PP de Maluf nomeou o presidente da Petrobrás no loteamento do PT, e Feliciano foi nomeado para a Comissão de Direitos Humanos nas barbas do controle do PT sobre o Congresso... E você não passa de mais um negociante político... Sem esquecer jamais de que: 

NADA PODE SER PIOR PARA QUALQUER MINORIA DE INTERESSES DO QUE O FASCISMO!

Mas, enfim, a facção do crime organizado, em sua forma mais nefasta, nunca antes visto "na história deste país", se perpetua no poder - impunemente... 

Entendo os interesses corporativos de meus amigos que trabalham para o PT - e não para o Brasil -, sendo uma parcela deles realmente 'crente'; enquanto a outra é simplesmente 'interessada' - homens e mulheres que vivem do PT, assim como um rabino vive do rabinato, um pastor vive de seu 'ministério', militares defendem sua instituição, astrólogos defendem sua causa, assim como homeopatas e psicanalistas... Estes são, portanto, os petistas 'profissionais' e corporativos... Me sentiria feliz se este séquito pudesse pensar em valores fundamentais e interesses públicos - que são erigidos bem além de suas torpes fronteiras e trincheiras pessoais, ou da "camaradagem obscura"... Mas confesso que, em debates nas últimas eleições, não encontrei tanto problema com este grupo...

Existem ainda os inocentes úteis, aqueles que ignoram por completo a realidade na qual estão submergidos... Aqueles que seguem frequentando o culto de Edir Macedo mesmo depois de divulgados vídeos demonstrando - cabal e factualmente - a realidade vil, e a sanha estelionatária de seus algozes... Estes são como aqueles que seguem o PT mesmo quando os FATOS se chocam violentamente contra suas crenças... Estes inocentes estão presos ao esquema neuropsicológico do efeito rebanho, sujeitos a toda sorte de vieses cognitivos, ou simplesmente desinformados... É disso que vivem oligarcas como Sarney e Lobão, e os 'playboys' - já que insistem - Collor, Calheiros e Cabral...

A minha mais amarga experiência, no entanto, nestas últimas eleições, esteve centrada nos homens que pareciam dispor de honradez - não sendo sustentados diretamente pelo PT, e não fazendo parte da massa de manobra ignorante... Refiro-me aos CÍNICOS! Este obscuro espectro de comportamento inclui a irresponsabilidade em relação às bandeiras que empunham, certa postura narcisista, sobrado perfil polemista, sendo em princípio do contra em relação à tudo com o qual desenvolvam 'birrinhas'... Não se responsabilizam minimamente por seus argumentos, não têm efetiva seriedade, mas tentam passar uma imagem falsamente moralizadora... Em geral vivem do deboche, e querem ver o circo pegar fogo...

Sério mesmo é o orgulho e a teimosia deste grupo, que falta descaradamente com a verdade, pisoteia e manipula a realidade; enquanto os seus membros vivem engalfinhados a seus detratores, despachando para isso, e para longe, qualquer vã noção de bom censo... Os cínicos representam um outro tipo de mal - e hoje sei tratar-se de uma conjuntura evolucionária e neuropsicológica; é com este grupo que costumo cruzar, e seu comportamento é o que mais devo lamentar... Eles são piores do que os correligionários e profissionais petistas, pois defendem apenas sua teimosia obtusa e seu ensimesmismo egoísta; e são piores do que os inocentes úteis, posto não serem nem inocentes e muito menos úteis... 

Saio desta experiência com a certeza que os cínicos ajudaram a pavimentar o caminho dos espertos, e obstruir ainda mais a visão dos que ignoram quase tudo sobre quase tudo... E o que eles tanto têm para esconder em "cofres"? Como no caso das "gravações" de "outras eleições" que José Dirceu diz fechar a sete chaves... O que têm a dizer sobre a queima de arquivos conhecida pelo nome de "Celso Daniel"? - Dirceu, onde foi escondido este cofre de verdades?

Saio desta experiência ainda mais seguro de que a lucidez e a honradez não constituem regra no comportamento de nossa espécie... Se comportar-se como um asno não contribuísse tanto para destruir uma nação, não me importaria que você pastasse em seu egocentrismo doentiamente maniqueísta... Mas verás que um filho desta nação não foge à luta; falo de Joaquim, falo por mim... E não será assim tão fácil calar a Polícia Federal, o TCU, o Ministério Público, os Defensores Públicos e Procuradores da União, a OAB, e as demais instituições e instâncias de bem desta nação... Existem homens de bem compondo estes quadros, e a verdade virá à tona - cedo ou tarde... 

Não será tão simples assim transformar o Brasil em uma caricatura cubana, ou um circo bolivariano com distribuição grátis de "arepa" no "café com o presidente"... Não! Vocês verão que os filhos desta nação, bem inserida na humanidade, sairão vitoriosos - mesmo quando tantos passos são dados para trás...

Vencemos Hitler, Lenin, Stalin, Franco, Mussolini, Bonaparte, ditaduras à esquerda e à direita - não sem muito sofrimento... E refiro-me aqui à humanidade, e refiro-me aos homens de bem; homens que além de amarem seus filhos, e seus irmãos de hoje e de amanhã, trazem como traço inequívoco de sua Genética Comportamental o senso de responsabilidade e a LUCIDEZ - este sim, o nosso bem mais precioso... 

Assistimos à patética condição cubana, iraniana, afegã, da "necrocracia" na Coréia do Norte, da opressão na Albânia, e do fascismo russo e chinês - atentando contra todos os Direitos Civis, Humanos e Liberdades Individuais; e confrontamos estes modelos fascista com uma tal civilidade e respeito pela paz, que corremos o risco de TOLERAR A INTOLERÂNCIA... Mas a razão e a verdade hão de prevalecer; e ao menos neste solo, ditadores como Lula e Dilma enfrentarão exímia dificuldade para reinar e exercer o seu fascismo autocrático e sua sina cleptocrática... 

Já ficou pra trás o tempo da propaganda soviética e hitlerista, mas toda sorte de propaganda tem a sua hora e vez - até que o pernicioso e ensaguentado véu de mentiras seja desvelado... Estes métodos encontram eco em nossa mente ritualística e idólatra, mas podemos estudar a História e dizer mais uma vez: NÃO!

Sem mais - neste dia triste -, subscrevo-me.

Carlos Sherman


Noções de Integridade Intelectual - ou Três Vespeiros (encare se for capaz)


Fascismo vermelho...

Hipocrisia em ação...

Deus ex machina...


Primeiro Ato: Qual a cor do poder?

Somos todos filhos de uma mãe africana que viveu a cerca de 200.000 anos em algum lugar da África Sul-Oriental... Isso agrada aos simpatizantes da "consciência negra", pela "primazia", uma espécie de "povo escolhido" historicista... Mas por baixo da espessa pelagem de nossos ancestrais a pele era clara, como ocorre com os chimpanzés e mesmo no caso de Tony Ramos [sic]... Conforme perdemos a pelagem a seleção natural tratou de privilegiar àqueles que mutavam na direção de possuir mais proteção contra raios UV em sua epiderme: a melanina... Isso agrada com moderação aos defensores do "orgulho branco"... A evolução tratou ainda de garantir com o tipo de cabelo uma espécie de isolamento térmico da cabeça, do crânio que abriga nosso órgão mais importante: o cérebro... Assim o orgulho "black power" não passa de uma importante adaptação evolutiva, assim como a menor quantidade de pelos em pessoas com maior densidade de melanina na pele... A integridade intelectual pavimenta um caminho para a ética humana - troppo umana...

Segundo Ato: Deus ex Machina

"Depois de um atraso menstrual, algumas mulheres perdem sangue e acham que finalmente menstruaram. Estavam enganadas. Na verdade, tinham engravidado e estavam eliminando o embrião recém-formado. Depois, engravidam novamente, levam a gestação a termo, muitas vezes sem saber que tiveram um abortamento silencioso, que não deixou sequelas. De certo modo, parece haver uma espécie de seleção natural associada ao abortamento espontâneo, especialmente se ocorreu até a oitava semana da gravidez. Em torno de 60% dos casos, os embriões apresentavam alguma malformação ou alteração genética e foram eliminados naturalmente." - Drauzio Varella

Se no terceiro milênio 60% das gestações terminam em aborto, o que dizer do tempo de "Cristo", sem ultrassom, sem exame pré-natal, sem vacinação, sem obstetras, sem NADA... Um tempo onde além de sobreviver a uma chance estimada em apenas 15% de nascer, a mortalidade infantil após a loteria do parto era cerca de 30 vezes maior... Uma mulher passava a sua vida parindo filhos para em número lutar contra a estatística... Isso até a idade de 40 anos, mesmo que média em termos de expectativa de vida não ultrapassasse os 25 e 30 anos... 

Podemos concluir que esta desfavorável estatística para o sucesso das gestações é obra de deus? Seriam estes 60% de hoje, e os 85% de ontem, os abortos de deus? Podemos entender ainda que a mortalidade infantil é responsabilidade de deus? Não? É a natureza, o acaso? Então como ficamos, se deu certo "foi deus", e deu errado "fodeu"? 

É como jogar tênis sem rede, ou com uma rede invisível, e o crente ou 'militante' arbitra sobre os pontos marcados... Como a lógica rabínica de sempre cair de pé...
"Ninguém pode fazer acontecer nada se Deus não quiser. Tanto as coisas boas como as más acontecem por ordem de Deus altíssimo." - Lamentações [3: 37-38]

Terceiro Ato: O Cinismo submete a verdade pela causa!

Lula denuncia os currais eleitorais da família Sarney na região norte, além de atacar Lobão, Maluf, Collor, Calheiros, Sérgio Cabral e "Mão Santa", mas se perpetua no poder por força desses mesmos votos - e agora por pelo menos 16 anos... Onde está a integridade intelectual?
"É necessário - secreta e urgentemente preparar o terror." - Vladmir Lenin (Andrew & Mitrokhin; 'Memorandum to Nikolay Nikolayevich Krestinsky in 1918 - The Mitrokhin Archive: The KGB in Europe and the West'; 1999) 
"Quando somos censurados por ter estabelecido uma ditadura de um partido, como você já ouviu falar, [...] nós dizemos: 'Sim, é uma ditadura de um partido! Isso é o que nós defendemos e que não deve mudar a partir dessa posição, porque é a parte que ganhou [...]. Nós conquistamos essa posição mesmo antes da revolução de 1905. Este é o partido que veio da cabeça dos trabalhadores em 1905 [...]." - Vladmir Lenin ('O Discurso do Primeiro Congresso de Educação e Cultura Socialista, <Toda a Rússia para os Trabalhadores>'; 1919)

Só que os fundadores do PT, homens honrados e que se dizem enganados por Lula, conhecendo-o intimamente, como o recém falecido Plínio de Arruda Sampaio, Chico Oliveira e Hélio Bicudo, preferem nos alertar sobre o perigo do fascismo no Brasil... Por quê?


A Integridade Intelectual e a Verdade

Existem os autocratas e cleptocratas, vis ditadores ou fascistas evolutivos, em todas as culturas, etnias, gêneros, credos, partidos e nações... Existe a massa de manobra, manipulada pelos discursos messiânicos, privada por estes próprios facínoras de estudar e discernir com mais facilidade sobre sua integridade intelectual... Este é o efeito rebanho, que Edir Macedo, Valdemiro Santiago, David Miranda, os Hernadez, RR Soarez, a ICAR, Malafaia e Feliciano, bem conhecem... Mas existem os cínicos, para quem a CAUSA está acima da VERDADE... Esta talvez seja a maior das mazelas intelectuais de nosso tempo, corroendo as bases éticas do corpus de conhecimento humano; um bem acumulado por gerações, e em favor de uma vida sempre melhor...

Não se trata de uma luta de classes, nem de partidos, nem de gêneros, nem de etnias... Luto pela Integridade Intelectual, luto pelo conhecimento, pela verdade, pela realidade objetiva que nos trouxe à condição atual de morrer menos ao nascer, de viver mais, e de forma menos violenta... Uma curva ascendente sim, se fizermos um zoom, mas picotada por subidas e descidas abruptas, muitas vezes terríveis para algumas gerações...

A advirto que a integridade intelectual custa muito caro e nos leva à solidão... Com este desabafo íntegro e bem embasado pela realidade e pela verdade, consigo arrebanhar todos os ódios ao mesmo tempo: daqueles que são contra o fascismo petista mas defendem o fascismo cristão, daqueles que defendem a supremacia de uma raça sobre a outra - não importa o que o "exame" proposto Lula para definir a cor de um homem revele... Os que se julgam de esquerda nas questões 2 e 3, mas são vergonhosos direitistas na questão 1, os que se julgam oposição nas questões 1 e 3, mas devotos da situação na questão 2...

Isso denuncia, que além da pluralidade e diversidade genética e comportamental humana, potencializada pelo ambiente compartilhado, pela educação, e pela doutrinação, abraçar bandeiras genéricas em grêmios de interesse igualmente genéricos pouco diz sobre nossa verdadeira condição... Então, comece por analisar separadamente a veracidade de cada uma de suas proposições, e assim poderá, palmo-a-palmo, e com todos os percalços de seus próprios vieses neuropsicológicos - posto que somos todos maravilhosamente imperfeitos - ENDEREÇAR A VERDADE...

Luto para que o nosso país exemplifique e ensine a nobre arte de tornar-se ciente pelo confronto de nossas hipóteses com a realidade, e por meio do valoroso princípio do ÔNUS DA PROVA... Isso sim fará bem aos seus filhos e aos irmãos dos seus irmãos - de hoje e de amanhã... 

Lembrando apenas que ciência - ou 'scientia' - é a terminação latina para CONHECIMENTO... E debaixo da superfície dos debates ditos "subjetivos" existe um oceano de bons argumentos que podem embasar objetivamente qualquer a discussão... Luto para que a Integridade Intelectual seja mais popular e valorizada do que o cinismo... Luto para que o debate honesto seja mais apetecido do que a disputa sombria...

Algumas pedras da tradição devem ser respeitadas, mas não pelo apreço ou devoção às pedras, e sim pelo amor aos homens e à vida...

Carlos Sherman


A CIÊNCIA DO ERRO - sobre VERDADES e a REALIDADE OBJETIVA [a resposta a um devoto petista]



Uma resposta a Daniel Lima:

A CIÊNCIA DO ERRO - sobre VERDADES, VERACIDADE e REALIDADE OBJETIVA

"Somos todo ignorantes, mas não sobre as mesmas coisas" - Albert Einstein

E poderíamos apendar o célebre pensador ashkenazi para salvaguardar também a escala da ignorância e a gradação do erro associado ao feito - ou desfeito, ou defeito!

Respondendo a um tal Daniel - enquanto debatíamos sobre a última eleição brasileira -, afirmei que 'sim' existem proposições verdadeiras e falsas - não importa o tema... E podemos 'sim' atestar a veracidade ou falsidade de proposições - para viver melhor, e de forma mais ética e justa; e contra toda sorte de relativismo oportunista, podemos ainda dizer que 'sim' existe uma realidade objetiva... Aguardem até o fim, e entenderão...

Certa feita Asimov recebeu uma carta de um licenciado em literatura inglesa, e não iniciado na busca pelo conhecimento, que muito vem ao caso neste momento; motivo pelo qual devo citá-lo:

“Um jovem especialista em literatura inglesa, tendo me citado, passou a me repreender severamente sobre o fato de que, através dos séculos, as pessoas pensavam ter compreendido finalmente o universo, e através dos séculos ficou provado que estavam errados. Isso significava que a única coisa que podemos dizer sobre o nosso conhecimento ‘moderno’ é que ele está errado.”

Asimov brilharia em sua resposta:

“Quando as pessoas pensavam que a Terra era plana, estavam erradas. Quando as pessoas pensavam que a Terra era – ‘exatamente’ [grifo meu] - esférica, estavam erradas. Mas, se você considera que ‘pensar que a Terra é esférica é tão errado quanto pensar que a Terra é plana’, então a sua visão está mais errada do que as duas juntas.” (‘A Relatividade do Erro’; 1989)

Asimov explicaria ainda que as pessoas buscam por certezas absolutas, ou negações absolutas... As pessoas estão platonicamente aprisionadas em uma falsa noção de perfeição; de forma que, se alguma coisa não é exatamente’ ou absolutamente perfeita, então ela estará totalmente errada. Isso não nos leva a nada. Existem gradações de erros, sentenças verdadeiras e falsas; e a ostentação de verdades absolutas, somente serve ao propósito de turvar a nossa visão diante da ‘realidade objetiva’ – à qual Gleiser chama pejorativamente de ‘objetvismo’ -, impedindo que possamos diminuir a confusão reinante, optando por posições mais acertadas do que outras.

‘Objetivismo’ é particularmente abjeto, irresponsável e injustificável... Podemos ‘endereçar a verdade’, e este é o propósito da investigação científica; muito embora não seja a sua fonte de inspiração... Somos inspirados pela beleza da vida, por nossas paixões, amores, pela devoção a estes amores e princípios. E aqui discordo de outro conceito da “ilha” de Gleiser, que a motivação ciência seja a ignorância. Pretendemos escrever a poesia da realidade, e por amor...

Sob o pretexto de uma verdade absoluta, Gleiser questiona que existam verdades, assim como o professor de literatura... Aliás, Galileu, um célebre “cavaleiro do apocalipse”, tendo escolhido ridicularizar crendices infundadas, salvaguardava o vigor de sua lucidez, e a postos, quando disse que:

“Io stimo più il trovar un vero, benché di cosa leggiera, che `l disputar lungamente delle massime questioni senza conseguir verità nissuna. / Mais estimo encontrar uma verdade sobre qualquer assunto leve do que entrar em uma disputa longa sobre máximas questões se, atingir verdade nenhuma.”

Mas Galileu também esteve equivocado, como no notório caso dos anéis de Saturno; afinal, com seu parco instrumento de trabalho, os discos lhe pareceram como dois astros mais ladeando o planeta... Mas os acertos de Galileu e seu exemplo e vida, valem muito mais do que seus evidentes equívocos – e Gleiser sabe disso. 

Enquanto especulamos sobre a planura da Terra estivemos equivocados, mas tratávamos de endereçar a verdade; afinal, a curvatura da superfície terrestre está próxima de zero. Este ‘erro’ refletia as limitações instrumentais para a época, mas, sobretudo as limitações em termos de critérios para o conhecimento. Ainda não havia uma concisa teoria para o conhecimento, nem estatutos, nem recomendações formais, ou uma metodologia para o conhecimento que estabelecesse um universo de validez, indicando a margem de erro esperada no confronto com a ‘realidade’. As ‘verdades’ eram publicadas com ansiedade e alarde, e, portanto, sem critérios; tudo estava por saber... 

Mas os tempos mudaram; e mudaram com o filósofo grego Eratóstenes (276-195 AEC), um “gênio do tamanho da Terra”, que seria o primeiro a notar que a longitude das sombras, em relação ao mesmo horário do dia, variava com a latitude onde a medição era procedida. Eratóstenes sabia que no vigésimo primeiro dia do mês de Junho aconteceria o Solstício de Verão na cidade de Siena, e que, precisamente ao meio dia, o Sol brilharia direto dentro de um poço, iluminando “o seu fundo sem que nenhuma sombra se projetasse em suas paredes”; isso enquanto em Alexandria, exatamente na mesma hora, ainda haveriam sombras projetadas sobre a parede... 

Eratóstenes inferiu então que a Terra era esférica, uma revolução para o seu tempo. Com ajuda da trigonometria, considerando a distância entre Siena e Alexandria, o ângulo formado por este arco em relação ao “centro da Terra”, ele calculou a curvatura correta da Terra... Isso foi medido em “passos” e “estádios”, e envolveu “sombras”; tudo muito impreciso, embora engenhoso, perspicaz, apaixonante e científico... 

Endereçávamos a verdade com ainda mais acuracidade, ao que hoje podemos adicionar algumas casas decimais, calculando a curvatura da Terra em 0,0000786 por quilômetro. Isso seria crucial para que pudéssemos revisar toda a cartografia da época, e os mapas, palmo-a-palmo, passariam a ser muito mais precisos; a navegação seria revolucionada, e o mundo seria ‘redescoberto’... Tudo isso graças ao gênio e à ousadia de Eratóstenes, apesar do ‘erro’ irremediavelmente incorporado pelas limitações de seu tempo...  

Agora a Terra era uma “esfera” perfeita, o que também estaria equivocado... Observando os céus e os demais planetas, o gênio investigativo de Newton demonstraria que a massa terrestre em rotação sofreria um acentuado achatamento nos polos... Medidas mais precisas nos permitiriam calcular o grau de elipsidade da Terra. A Terra esferoide seria muito mais próxima de seu passado esférico do que de seu passado plano; evoluímos em termos de gradação de erro. Uma esfera prefeita nos daria uma curvatura em torno de 12,5 cm/km, enquanto a curvatura elíptica varia de fato entre 12,657 e 12,472 cm/km... 

Este raciocínio conduzido por Asimov, stricto sensu, nos permite dizer que julgar a Terra esférica é muito mais correto do que considerá-la plana; e tal noção tem enorme impacto sobre nossas vidas. Também podemos dizer que julgar a Terra plana é muito mais incorreto do que julgá-la esférica, com os mesmos e severos impactos sobre o nosso convívio com a ‘realidade objetiva’. E ensinar tais princípios, valorizar o ‘endereçamento’ obstinado da verdade, é muito mais produtivo do que destacar a imprecisão deitada sobre o caminho...

Mesmo o nosso esferoide ‘perfeito’ seria revisado em 1958, quando o satélite Vanguard I entrou na orbitar a Terra. Uma literal vanguarda científica seria capaz de medir a forma da Terra com uma precisão sem precedentes. Descobrimos que nos parecíamos com alguma coisa entre uma ‘pera’ e uma ‘batata’ – flutuando e rodopiando no espaço. Correções da ordem de milionésimos de centímetros por quilômetro foram procedidas, e aqui estamos – graças ao gênio de Eratóstenes...

Vivemos um conflito neuropsicológico de ordem evolutiva, causais, dicotômicos, lineares... Perdidos em uma gangorra de absolutos, tudo ou nada, certo e errado, bom ou mal. A realidade se descortina livre, desimpedida, e precisamos estabelecer parâmetros e bases de compreensão, para conformar avanços ‘objetivos’... O absolutismo, o generalismo, e seu homólogo, o relativismo, tem se prestado ao inconsequente e especioso propósito de justificar medidas autoritárias e dogmáticas, alegando a impossibilidade de exatidão... Pois não seria muito melhor, sempre, acender mais um pequeno lampejo de luz do que tropeçar na escuridão?

Hoje sabemos que a ‘mecânica genética’ de nosso corpo evoluiu para mitigar os erros e mutações em nosso código genético... É isso mesmo, o código genético tem um mecanismo autocorretivo; e desta forma estamos menos sujeitos a mutações drásticas do que estivemos no passado. E podemos dizer que a Ciência conta hoje com o mesmo sofisticado mecanismo: o Método Científico. De forma que a falibilidade assumida da Ciência, de hoje em diante, está muito menos sujeita a erros crassos do que esteve no passado das crenças.

“[...] talvez a Terra seja esférica agora, mas um cubo no próximo século, e um icosaedro oco no próximo, e com a forma de donuts no seguinte.  O que ocorre, na realidade, é que quando os cientistas consegue elaborar um bom conceito, eles gradualmente o refinam e ampliam, com crescente sutileza, à medida que seus instrumentos de medição melhoram. As teorias não estão tão equivocadas, mas incompletas.” – Isaac Asimov (idem)

Não é tão importante definir se este valoroso processo se estenderá infinitamente ou não, absolutamente ou não; mas, sobretudo, devemos considerar o bem que este honesto procedimento provê, na medida em que, inescapavelmente,  ilumina o que antes era escuridão...

Muitas vezes, teorias que alcançam o status de revolução científica, não passam de um conjunto apropriado manipulações e refinamentos de um corpus de conhecimento pregresso. Como quando Copérnico nos levou de um sistema centrado na Terra a um sistema centrado no Sol. Copérnico estava desafiando o que parecia ser óbvio, com algo que soa ridículo. Aristarco e Eratóstenes viveram a experiência... 

Normalmente, e há algum tempo, vivemos de refinamentos; caso contrário, e considerando a autorregularão e autocorreção científica em voga, uma teoria estapafúrdia teria vida muito curta... Exemplos pífios como a “fusão a frio” não passaram de pseudociência. O que deveria nos alertar ainda mais sobre a necessidade de aprimorar nossos critérios, e não desconsiderá-los – como Gleiser e o “professor” sugerem. 

Mas, ainda assim, e por mais que a proposição ‘parecesse’ revolucionária; toda esta ‘revolução’ não passava de um problema político-religioso – da alçada do “absoluto” e do “absolutismo”. Cientificamente, se tratava de um refinamento teórico em relação aos movimentos dos já conhecidos corpos celestes. Seria a autoridade religiosa Católica, expressa em seu livro negro ou Index, quem elevaria o trabalho de Copérnico à condição de heresia, sete décadas depois de sua publicação em 1616, e lá permanecendo até 1822. Mas aí já era tarde, o estrago já estava feito...

Copérnico pretendia apenas encontrar um modelo que melhor acomodasse a realidade de suas observações celestiais. Neste caso, e em especial, apesar de toda a gambiarra incorporada ao modelo aristotélico-ptolomaico, a sobrevivência do antigo, “salvando a teoria” platonicamente, só possível, e por tanto tempo, devido à força da autoridade político-religiosa vigente.

A Teoria da Evolução enfrentou os mesmos credos, e as mesmas barricadas:

“[...] as formações geológicas terrestres mudam muito lentamente, assim como os seres vivos evoluem tão lentamente, que parecia razoável no início supor que não haviam mudanças, e que a Terra e a Vida sempre existiram como são até hoje. Sendo assim, não faria diferença se a Terra e a Vida tivessem bilhões de anos de antiguidade, ou somente milhares. Milhares era mais fácil de compreender.” (idem)

    A exemplo do entendimento sobre a curvatura terrestre, quando medições mais precisas revelaram que a Vida evoluía em um ritmo muito lento, porém vigoroso, pudemos aprofundar também a compreensão sobre a idade da Vida... Nascia a Geologia Moderna, a Evolução e a Biologia.

“É apenas porque a diferença entre taxa de variação em um universo estático e a taxa de variação em um universo em evolução está entre zero e muito próximo de zero que os criacionistas podem continuar a propagar seus disparates.” (idem)

O raciocínio também se aplica ao mundo dos micro-organismos... Um mundo de escalas invisível estava escondido de nós; e toda sorte de crendice foi erigida para preencher as lacunas diminutas hoje ocupada pela microbiologia. Cotidianamente dizíamos – e muitos ainda dizem: “menino, não tome esta friagem porque você vai ficar gripado”... Recentemente ouvi tal disparate de uma amiga microbiologista, para quem o filho descalço resultaria resfriado. Tratei de recordá-la de dois aspectos: primeiro, como microbiologista, ela estava obrigada a bem conhecer a origem viral de gripes e resfriados; depois, como bióloga, seria imperdoável que ela não recordasse que a seleção natural jamais teria poupado nórdicos, russos, além dos inuits, se tal conjectura fosse minimamente possível...

Os ‘sábios’ conselhos da ‘medicina popular’ estão todos sub judice depois que a ciência adentrou o mundo secreto dos microrganismos, e ajustando a sua escala para uma compreensão profunda e necessária da natureza. A realidade em uma placa de petri... Deuses e tradições evaporavam no ar, enquanto a Ciência aprimorava seus métodos e instrumentos e reduzia suas escalas. O caminho para a descoberta dos antibióticos - como a Penicilina -, vacinas, agentes... e vida, a partir da vida obstinada de homens como Pasteur...

O ‘gap’ entre o conhecimento disponível no acervo científico humano e a nossa práxis cotidiana é gigantesco. Com a desculpa de que ‘não sabemos tudo’ permanecemos ‘sem saber nada’ sobre quase tudo. Apenas tangenciamos a realidade, mas não somos capazes de mergulhar nesta maravilhosa REALIDADE. Este livro tem como missão colateral, interessa-lo pela realidade, despertando a curiosidade em conhecê-la ‘por dentro’.

O conhecimento científico disponível está muito mais perto de um eventual ‘conhecimento último’ - em cada uma das fronteiras do conhecimento –, do que o homem médio está da linha de largada para o conhecimento do ensino fundamental. A maioria de nós sequer começou a jornada do conhecimento, e sequer chegou na marca onde diz ZERO. 

O físico Marcelo Gleiser diz que o conhecimento é como uma “ilha” em meio ao desconhecido; e que quanto mais esta “ilha” cresce maior serão as suas fronteiras. É verdade. Mas quanto mais esta ilha do que é conhecido cresce, por mais que hajam novas fronteiras, menor será o espaço daquilo que não conhecemos.

Podemos chutar uma pedra com facilidade, mas pensaremos duas vezes antes de pisar em uma formiga ou esmagar um mosquito, e jamais consideraremos a hipótese de maltratar um cãozinho. Estas são conquistar recentes, afinal aprendemos sobre a complexidade dos sistemas neurais, e sabemos que muitos seres vivos sentem dor e sofrem... 

Por isso avançamos sobre o oceano de ignorância que nos cercava, arbitrado pela crença de que o homem era uma espécie de “escolhido”, sendo o único sujeito à dor. Ainda assim, alguns homens eram mais escolhidos do que outros, e a escravidão, na Bíblia e em Aristóteles, é amplamente aceita e recomendada. Matar um infiel, na bíblia e no corão, é antes um dever... Pelo humanismo, pela iluminação científica, sabemos que isso não é correto. Tais fronteiras não aumentaram a nossa ignorância, mas certamente abriram novas fronteiras dentro da “ilha”...

“O conhecimento avança, e a região inexplorada recua [...] com nosso conhecimento expandido.” – Linda Randall

Um dia, este espaço tomado pelo desconhecido, representou a diferença entre morrer na selva, de dor de dente, aos 23 anos; ou ministrar uma dose de 500mg de Cloridato de Tetraciclina, e voltar a sorrir por mais 40, 50, 60 anos. O importante não é chegar ao fim, mas seguir em frente, viver a viagem, viver uma vida digna, útil, e prazenteira, contribuindo como Humanidade, para que enderecemos a verdade.

Gleiser insiste que, sob o tendencioso pretexto de que a Ciência não poderá ser exata ou completa, a “espiritualidade” ainda mais inexata, e na verdade “irreal”, poderá ser invocada para preencher as lacunas...

“Uma balança mede o nosso peso com precisão dada pela metade de sua menor graduação: se a escala é espaçada por 500 gramas, só poderemos aferir o nosso peso com precisão de 250 gramas. Não existe medida exata: toda medida deve ser expressa dentro da precisão do instrumento usado e o faz com ‘barras de erros’. [...] uma medida de 70 quilos deve ser expressa como 70 +/- 0,25 kg [...]. Não existem medidas perfeitas, sem erro.”

Em busca do exato, do absoluto, do “espiritual”, esquecendo-se de que existem gradações de erro, e uma falibilidade assumida na atitude científica - sendo essa sua maior fortaleza. Saber de tudo, repito, é um agravante religioso e não científico... E esta atitude covarde, politicamente correta, alinhada, é o que mais prejudica o avanço científico...

“Quem pensa ver algo sem falhas, pensa naquilo que nunca existiu, que não existe, e que nunca existirá.” - Alexander Pope

O vigoroso e genial físico Richard Feynman dá o seu depoimento:

“Um princípio de pensamento científico corresponde a uma espécie de honestidade incondicional [...].” 

É esta honestidade incondicional ou Ética que reside no Ceticismo Científico, confrontando a vacuidade das crenças e os ‘discursos persuasivos’ em favor de mentiras, interesses e sandices. Isso porque as crenças se baseiam apenas na caprichosa, débil ou vã vontade de acreditar. Não se pode, de forma alguma, comparar a nobre atitude de tornar-se ciente pelo confronto de hipóteses séria e consequente com a realidade, com a autoridade especiosa de velhas ou novas convicções. 

Não se pode usar como desculpa a falibilidade assumida da ciência para validar crenças. Uma verdade científica tem uma validez e universo de aplicação, assim como seu erro assumidamente demarcado, e que estará sob crivo constante, acirrada revisão, e variada fiscalização, sendo esta a maior fortaleza da Ciência, e não o contrário.

Sobre a pretensa critica ao erro científico, devo reagir lembrando que dogmas religiosos não podem ser revistos, e por isso mesmo, sua defesa se faz com cinismo, agressividade, violência, e no passado ‘médio’, por meio dos artefatos do terror ‘inquisitório’. Asimov nos ensinou sobre a ‘relatividade do erro’ e não da VERDADE...

E insisto que NENHUM DEBATE FILOSÓFICO OU POLÍTICO – e sob nenhum pretexto - ESTARÁ ISENTO DA NECESSIDADE DE ENTENDER A 'REALIDADE' E OS SUBSEQUENTES PARÂMETROS QUE REGEM A NOSSA TÊNUE 'LUCIDEZ'. 

Sim, mas e daí? Uma balança caseira de precisão de uma ou duas casas decimais exatamente por que está sob um crivo mais ‘frouxo’ em termos científicos... Quanto mais ciência mais exato: medimos a temperatura média do Universo com precisão de 5 casas decimais... Não há como ser ‘exato’, ‘absoluto’, mas e daí? Indicar a margem de erro é uma lição ética da Ciência e não o contrário. Deus e a religião, não indicam suas margens de erros, e justificam isso alegando que o absoluto a deus pertence, ou é “incognoscível”... E não precisamos da perfeição, já que a natureza e o universo emergem da imperfeição, da diferença. O argumento de Gleiser é platônico...

Asimov concorda com isso, e tem algo mais a dizer sobre a Ciência e a escuridão:

“Existe apenas a Luz da Ciência, e acendê-la em qualquer lugar é como acendê-la em todos os lugares.”

Um anúncio afixado diante de uma igreja batista americana, da seita ‘New Canaan’ [ou ‘Nova Canaã’], alertava:

“Um livre pensador é um escravo de Satan.”

Sei que Gleiser alegará que esta congregação é doentia, ou que ele não fala “desse tipo de espiritualidade”, mas crimes contra a liberdade de pensamento, sempre estão associados à religião... 

“Com ou sem religião, pessoas boas podem se comportar bem e as pessoas ruins podem fazer o mal; mas para que pessoas boas façam o mal, elas precisam de religião.” - Steven Weinberg (discurso em Washington em 1999)

Sobre os “limites do conhecimento”, Asimov desafia:

“Se o conhecimento pode nos trazer problemas, não será através da ignorância que iremos resolvê-los.”

Gleiser insiste na escuridão ‘científica’ justificada por sua inexatidão e reducionismo, mas tolera sem pesos ou  medidas uma tal “espiritualidade”... Convido a advertência de Sagan no adágio de abertura de seu inesquecível ‘O Mundo Assombrado por Demônios’:

“É melhor acender uma vela do que praguejar contra a escuridão.”

Por que escrever uma obra para ressaltar os limites da Ciência, se as fronteiras continuam “dentro da ilha”? E como Gleiser citou a Lucrécio, inestimável livre pensador, e o verdadeiro algoz dos deuses - que seria seguido pro Jean Meslier, para que Nietzsche levasse a fama; eu também gostaria de citar Lucrécio, e este aforismo me parece mais do que apropriado:

“Assim como as crianças tremem e têm medo de tudo na escuridão cega, também nós, à claridade da luz, às vezes tememos o que não deveria inspirar mais temor do que as coisas que aterrorizam as crianças no escuro.” - Titus Lucretius Carus (‘De Rerum Natura’ ou ‘Sobre a Natureza das Coisas’; 60 AEC)

Mas existem verdades? Existe uma verdade absoluta? A primeira questão é objeto de trabalho da Ciência, a segunda parte de pressupostos fechados e dogmas religiosos; mas podemos sim afirmar que existem verdades, existem asserções verdadeiras, assim como proposições mais corretas do que outras, e gradações de erro. E sabemos disso com ainda mais segurança depois de Tarski, Russell, Frege, Popper, Sagan e Asimov...

O filósofo e matemático alemão Friedrich Frege (1848-1925) escreveria – abrindo os trabalhos: 

“Entendo por pensamento não o ato subjetivo de pensar, mas o seu conteúdo objetivo.”

Um pensamento é um processamento neural; mas aqui, e para todos os efeitos, será por meio da linguagem que trataremos de manifestar o seu conteúdo ou ‘objeto’. A linguagem é inata, hoje sabemos - embora dependa de imprinting -, mas a escrita não. O filósofo e matemático polonês Alfred Tarski (1901-1983) solucionaria o problema da correspondência entre uma proposição formulada pela linguística e a realidade; e o fez de forma surpreendentemente simples, intuitivamente satisfatória, e irrefutável. 

Tarski focou na formulação semântica de proposições:

“A sentença (T) é verdadeira se, e somente se, o que ela diz é verdade.”

Onde ‘T’ seria a Convenção de Tarski...

Imagine que você e eu estamos contemplando uma bela cadeira vermelha, estilo Luis XV, exatamente como esta, bem ao lado da lareira em minha sala... A proposição “Esta cadeira é vermelha” seria verdadeira se e somente se “esta cadeira” for vermelha. Isso parece justo! Ou não? E óbvio! Então qual foi a contribuição de Tarski?

A sacada de Tarski foi eliminar ‘nebulosidades’ semânticas, preocupando-se em formatar de maneira objetiva a formulação das sentenças ou proposições, e evitando truques, verbosidades e falácias retóricas. Para isso ele utilizou os conceitos de “objeto” ou conteúdo, “verdade” ou veracidade, “metalinguagem”, “metalinguagem semântica” e “linguagem-objeto”. Por exemplo: se tomamos o português como metalinguagem e o inglês como linguagem-objeto, e o seguinte objeto “the dog is sleeping” poderíamos formular a seguinte sentença em nossa metalinguagem semântica: ‘a proposição do inglês (linguagem-objeto) “the dog is sleeping” (objeto) corresponde aos fatos (é verdadeira) se e somente se o cachorro está dormindo’.

A verdade começa por uma formulação semântica adequada, que permita a sua comprovação ou refutação. O que está vago e mal definido, não pode ser confrontado com a realidade. E se existe uma metalinguagem na qual podemos apresentar proposições, descrever fatos, então, também será possível, e de forma trivial, estabelecer a correspondência entre fatos e proposições, endereçando assim a verdade ou a veracidade de sentenças e argumentos. Isso, e bastando alguma honestidade retórica e integridade intelectual, conforme acentuado por Feynman, nos leva à atitude científica... 

A Convenção de Tarski (T) pode ser formalmente descrita por:

(T) ‘X’ é verdadeiro se, e só se, ‘p’;
onde ‘p’ é o predicado que pretendemos validar
para a sentença ‘X’

O exemplo utilizando uma linguagem-objeto em inglês serviu para conter eventuais arroubos relativistas mais básicos, inter-linguísticos, ou ainda interculturais... Vale repetir que a construção linguística é inata; em milhares de dialetos e diferentes linguagens em todos os tempos e lugares, sempre estiveram presentes as figuras do sujeito, verbo – ou ação -, substantivo e predicado; já o vocabulário e as regras gramaticais precisarão ser aprendidos - e à duras penas. 

Observem que o predicado “[...] corresponde aos fatos” ou “[...] é verdade” está protegido pela metalinguagem, não importando se algum dialeto por ventura venha a evitar esta ‘vital’ caracterização... Sendo assim “[...]” ou “X” poderá ser definido nos termos de qualquer linguagem-objeto; então, enfoquemo-nos na verdade, e utilizando como linguagem-objeto a nossa própria língua vernácula: o ‘português’. 

E neste ponto podemos entender por que buscamos por proposições verdadeiras ou positivas na Ciência, com o auxilio de Popper:

“De uma classe (ou um sistema) de proposições, que são todas verdadeiras, nenhuma proposição falsa pode ser assumida.” 

Enquanto os postulados religiosos ou “espirituais” dormem em berço esplendido, percebam o cuidado em estabelecer ‘verdades’ ou ‘veracidade’... Isso implica que, embora deus seja um bolso cada vez mais vazio, e enquanto reduzimos inequivocamente o oceano de ignorância, ainda assim não poderemos, apenas por princípio, descartar a existência de deuses ou do “unicórnio cor-de-rosa”...

“De teorias (sistemas de proposições) que concordem com os fatos, não se pode derivar nenhuma proposição lógica que não concorde com os fatos.” - Karl Popper

Esta importante regra, que de fato perfaz uma atitude ética, explica por que em Ciência efetivamos proposições positivas, buscando a veracidade ou verdades, e nunca proposições negativas. “A Terra descreve uma orbita fechada – ou captiva - em torno do Sol” é uma proposição científica; mas “não existem gnomos empurrando a Terra” não é – por mais que saibamos ser uma proposição lúcida... Podemos invalidar ou provar a falsidade de uma proposição positiva. Por exemplo, “a Terra é plana e está assentada sobre colunas” é uma proposição científica, e também é inteiramente falsa; mas “a Terra não é verde” não nos leva a lugar algum...  

Claro que existe o ‘fato’ da vida finita, de forma que o fator ‘tempo a perder’ está sempre em jogo, assim como a questão: ‘Cui bono?’. Ou seja, não podemos, cientificamente, e em princípio, negar a existência de Tupã; mas podemos considerar a busca pela sua existência uma tremenda idiotice quando confrontamos a mais absoluta falta de evidências; isso, além do flagrante conflito com proposições já demonstradas como: “culturas primitivas praticaram o animismo”, ou “culturas primitivas, desconhecedoras do ciclo da chuva, cortaram gargantas e fizeram danças rituais para que chovesse”... E daí a escolha é sua!

A Teoria da Verdade como Correspondência, nos assegura que um pensamento pode ser considerado verdadeiro se a proposição que formula este pensamento é verdadeira. Proposições gerais ou universais devem ser encaradas como fundamentalmente hipotéticas, mesmo que possam ser verdadeira. E por isso é tão importante o caráter científico de ‘reduzir seus problemas’ e ‘limitar suas proposições’, já que buscamos o acercamento e o endereçamento da verdade. Começando humildemente, podemos construir proposições verdadeiras de grosso calibre, com no caso do Modelo Padrão.

A Metodologia Científica é um sério e consequente conjunto de recomendações, ao que Gleiser jamais poderia haver chamado de ‘cientismo’... O que é isso? E cientistas não passam de homens neuropsicologicamente curiosos, obstinados, talvez ousados, e certamente sem temores conservadores... Homens buscando a verdade, e falhando em encontrá-la – mas inexoravelmente atidos a ela. E falhando podemos aprender, e recomeçar; o que parecia ser uma potencial falsificação da teoria newtoniana da gravidade, no caso da orbita calculada para Urano, nos levou ao descobrimento de Netuno...

Mas voltemos à verdade, voltemos à minha cadeira vermelha, afinal você pode estar esperando para me desbancar. Então temos a seguinte proposição, devidamente formatada, uma questão semântica que pode ser submetida ao escrutínio da ciência:

“Esta cadeira é vermelha” é uma proposição verdadeira se, e somente se, esta cadeira é vermelha.

Mas como podemos assegurar que o vermelho que você vê é o mesmo que eu vejo? E como podemos definir o que é ou não vermelho? Simples: imagine você que, providencialmente, eu trago comigo um espectrofotômetro; um daqueles aparelhos que medem a frequência dentro do espectro eletromagnético, podendo exprimir a cor em um número ‘objetivo’, e em comprimento de onda ou frequência - não importando que sejamos daltônicos ou portadores de icterícia. Através de uma singela convenção linguística, concordamos que comprimentos de onde dentro de determinada faixa nos leva ao termo em português: vermelho.

Uma psicóloga amiga, neste ponto, interpelou: mas cálculos matemáticos são exatos? Devo dizer que ‘sim’, lato sensu; mas entendo o ponto de vista dela, e sua confusão, stricto sensu. Ela, vocês, e Gleiser, estão interessados no ‘erro’ referente a esta medição; afinal este é um equipamento desenvolvido por físicos e engenheiros para medir o espectro da luz visível.

[um equipamento vendido pela Internet, e que apresenta um valor objetivo em um display LCD, com uma precisão de 0,15 DE, levando apenas alguns segundos para calcular o resultado]

Diante de situações cotidianas como esta, me preocupo em entender como um ‘experimento’ tão trivial suscita tanta contestação e controvérsia. Qualquer crendice, qualquer afirmação descabida, tem maior respeito, autoridade, e aceitação, do que o conhecimento objetivo de fenômenos naturais. Será o sistema educacional? Será a relativização filosófica? Serão tendências neuropsicológicas? Ou a conjunção sistêmica de todos estes fatores? Certamente não se trata de um problema relativo às “limitações da ciência” – como afirma Gleiser... Outras limitações e outras fronteiras estão em jogo – todas elas devidamente estudadas pela Neurociência...

Consideremos algumas variantes do Paradoxo do Mentiroso, sendo a mais antiga que se tem notícia a versão do jônico Eubulides de Mileto, sucessor de Euclides de Mégara, ainda no século VI AEC:

“Um homem diz que ele está mentindo. O que ele diz é verdadeiro ou falso?”

Ainda no século VI, o paradoxo também foi associado a Epimenides ‘de Creta’, que teria dito:

“Todos os cretenses são mentirosos.” 

Um tal "São Jerônimo" teria aplicado o conceito a David, quando afirma nos samos bíblicos que:

“[...] Todos os homens são mentirosos.” - Salmos [116:11]

Trata-se apenas de um truque lógico, com uma confissão moral... Teofrasto, sucessor de Aristóteles, escreveria três rolos de papiro sobre este paradoxo, e Crisipo mais seis... Todo este trabalho, e toda esta perda de tempo silogística seriam enterrados pelas areias do tempo... Esta antinomia prova que um argumento pode parecer lógico embora seja falso – e por vezes, como é o caso, ridículo... 

“Esta frase não é verdade.” 

Verdadeiro ou falso? Logicamente astuto, moralmente pouco recomendável ou desonesto. Tarski salientou que o truque fundamental do Paradoxo do Mentiroso reside no uso de uma linguagem semanticamente ‘fechada’ ou ‘negativa’ – conforme já foi explicado... Por isso ‘provar a inexistência’ constitui um absurdo lógico. Mas devemos fundar aqui pelo menos duas ressalvas. Quando Sagan diz:

“A ausência da evidência não significa evidência da ausência.”

Faço a seguinte ressalva, ampliando: a ausência de provas não é prova da ausência, e muito menos da existência.

Os argumentos contra a existência de ‘propósitos morais’ para o universo são vastos e fortes. E não existem argumentos em favor de ‘propósitos’ morais religiosos que não tenham sido invocados por meio de mentiras, fraudes, falácias retóricas e engôdos semânticos... Nenhuma comprovação, nenhuma pista, nada. Por que devemos considerar religiões – qualquer uma – como um domínio de conhecimento? 

O Universo e a Vida estão desenhados pela aleatoriedade e pela involuntariedade, quer gostem ou não. Podemos inventar opiniões, mas não poderemos inventar os fatos... Não impunemente! E sem provas, fatos, ou evidências, não existe - de fato - conhecimento... 

“O que pode ser afirmado sem provas também pode ser rejeitado sem provas.” – Christopher Hitchens 

Eu também ampliaria dizendo que: o que é afirmado sem provas pode e DEVE ser rejeitado... Finalmente:

“Quem nada sabe em tudo crê.” – Jan Neruda

Isso opõe Ciência e religião, e não as nivelas - nunca... Contemple e observe o Universo como ele realmente é, e maravilhe-se com isso; e ensinemos aos nossos filhos a encarar suas próprias fronteiras sem ‘verdades absolutas’, nem mentiras politicamente corretas, ou “alívios” que obliterem a LUCIDEZ. Considere a aterrorizante possibilidade de que um ser humano, saudável por natureza, possa estar privado de vivenciar a realidade. Considere a possibilidade do desperdício desta vida? Deus é um argumento ‘autocontraditório’, embora pareça tranquilizador, mas não nos liberta como humanos plenos. Nas célebres palavras de Cornelius Tácitus:

“Tranquilitas non Libertas.”

Ao que eu modestamente agregaria:

Tranquilitas non Veritas.

Quando nos curvamos à autoridade, ou nos entregamos ao mero solipsismo, sem a submeter as nossas proposições ao exame de sua pertinência, estaremos potencializando problemas de toda sorte nas mais diversas áreas. Algumas disciplinas estão fundadas sobre falácias, e vivem da autoridade e da idolatria, impulsionadas pelo historicismo, como a filosofia social, política, religiosa, ou de relações humanas. 

Diferentes modalidades de fascismos pipocaram nas mãos de líderes carismáticos, messiânicos ao totalitários; unidos em torno de uma identidade nacional, estatal, racial ou religiosa, e mobilizados de forma submissa à luta derradeira com alguma entidade metafísica, demônios diversos, judeus, judeus, judeus, capitalistas, etc... Esta é a sina historicista, com origem na lateralização de nossos hemisférios cerebrais...

Sabemos ainda, pelo entendimento do comportamento humano, que algumas mentes estão mais capacitadas do que outras para encontrar padrões e ordem em meio ao caos. Algumas mentes estarão ainda destinadas a seguir e idolatrar líderes, enquanto algumas fantasiaram doentiamente sobre a realidade. Alguns líderes estarão destinados à iluminação, enquanto outros pretenderão, pela nevoa espessa e pela escuridão, um reinado de medo... Alguns estarão fadados à generosidade e a solidariedade, enquanto outros praticarão o mais sórdido egoísmo, através de  controle rígido e totalitário... O narcisismo, a pulsão de vida e a procriação darão o tom, mas estamos bem distantes da savana africana, e dispondo do mesmo aparato neural...

Vale notar que racionalismo e sensibilidade emocional não são mutuamente exclusivos. São características independentes, e que podem até colidir em nosso cérebro, estampado em nosso comportamento, mas uma pessoa emocional não significa uma pessoa irracional, e vice-versa. O sentimento é outra estória, é a verbalização da sensação emocional pura; e, portanto, estará impregnado pela linguagem, pela cultura, e por nossos estratagemas políticos... Daí a confusão... 

Existem pessoas sentimentalistas, ou seja, que usam o sentimento - alegando emoção - como linguagem, em detrimento de medidas mais racionais e efetivas... Mas isso é um estratagema... Daí a tal “espiritualidade”! A emoção é bioquímica, é involuntária, é real, física, e comanda as nossas vidas - sempre... O hipocampo, responsável por selecionar e copiar trechos de nossa memória de curo prazo em nossa memória de longo prazo, trabalho acossado pela emoção, ou limitado pela falta dela... O racionalismo é uma capacidade genética, neural e bioquímica, e que não anula a emoção; sendo, inclusive, deflagrado por ela... 

Gleiser comete muitos erros crassos em sua retórica quando deixa de trabalhar em prol do conhecimento, para fazer o que chama de “estratégia diplomática”, e recusa a verdade... Ele comenta que deu uma entrevista para uma rádio AM, e diante de uma plateia composta por pessoas simples – “operários e diaristas”. Ao final, conta ele, foi interpelado por um senhor “com rugas precoces no rosto sujo de graxa”:

“Quer dizer que o senhor quer tirar até Deus da gente?”

Conheci muitos senhores com rugas prematuras mundo afora; e bem sei que o fenômeno da biologia da crença e o efeito rebanho não escolhem classes sociais... Mas a crença em deuses, a tendência a crendices sobrenaturais, pode ser indutiva de piores condições sociais. De qualquer forma, uma boa instrução definitivamente pode ser um fator limitante no caso da tendência crente inata, contribuindo com a lucidez; e um fator estimulante quando a neuropsicologia é fértil para o convívio com a realidade... Mas, vamos responder ao senhor com “rugas prematuras” citado por Gleiser: não será mentindo sobre deuses forjados pelo historicismo para o mero controle político que o você aliviará o sofrimento deste senhor! Por que Gleiser não lhes falou sobre os avanços em termos de Ciência Médica, com a redução da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida, conforme supracitados?

Gleiser não lembra que o senhor de rugas, por sua hesitação, e nesta mesma noite, vai pagar o dízimo a algum estelionatário... Este humilde senhor, além de estar livre da poliomielite, da varíola, do tifo, do sarampo, da morte prematura – com o sem rugas -, poderia estar livre de ser sumariamente roubado!

No século XVIII as velhas crenças teológicas estavam sob fogo cruzado do livre-pensamento; mas a vontade de crer era ativada e reaparecendo delirante sempre que uma possibilidade ‘sobrenatural’ se acercava. A varíola foi uma destas oportunidades para a ignorância religiosa desfilar o ‘círio’, e desatando uma tempestade de protestos teológicos contra a ‘razão’... Um clérigo anglicano publicou um sermão onde afirmava que:

“[assim como] as pústulas de Jó eram devidas à inoculação do diabo, assim havia sucedido com a crescente epidemia de varíola.” 

Vários ‘ministros’ eclesiásticos escoceses publicaram manifestos contra a Ciência Médica, e em especial contra a recente descoberta da circulação sanguínea, os estudos de anatomia, fisiologia, etc. – assim como o estudo de ‘células-tronco’ em nossos dias; afirmando que estávamos “tratando de desafiar o julgamento de deus” – sobre quem deve ou não deve morrer... Mas a varíola responderia a toda esta carolice com mais e mais mortes; quanto mais oravam e praguejavam contra a Ciência, mais mortos... Os terrores teológicos foram acalmados pelo terror imposto pela ‘realidade da morte’... 

A controvérsia parecia declinar, quando foi descoberta a VACINA... Os ‘clérigos’ de todas as facções da cristandade afirmavam em uníssono que: 

 “[a vacina era um] insolente desafio aos céus, e à VONTADE DE DEUS.”

Em Cambridge e na Sorbonne universitários cristãos unidos pronunciaram sermões opondo-se à VACINA. O mais grave sucedeu quando, em 1885, e já no século XIX, houve um disparo no número de casos da doença em Montreal, Canadá, e a parte católica da população repudiou a vacinação. Um sacerdote católico declarou que:

“Se estamos afligidos pela varíola é por que comemoramos o carnaval no último inverno, festejando a carne e ofendendo ao Senhor.”
   
As mortes vieram sem trégua sobre os católicos... ‘Deus’, por alguma misteriosa razão, pouparia apenas àqueles que foram ‘vacinados’...

“Os Padres Oblatos, cuja igreja estava situada no coração do distrito infestado, seguiram denunciando a vacina; foi exortado aos fiéis para que se dedicassem a diversos tipos de devoção; com a permissão das autoridades eclesiásticas, foi ordenada uma grande procissão com um solene chamamento à Virgem, e foi cuidadosamente especificado o uso do rosário.” (White; op. cit., v.II, p.60)

Pobres fiéis, todos aniquilados pela varíola! Esta seria uma excelente estória para desmistificar, diante do “senhor de rugas” sobre os mal-entendidos envolvendo a nobre atitude científica – esta sim, uma verdadeira ‘bendição’... E existem outros exemplos...

O mesmo sucederia com o advento da descoberta dos efeitos anestésicos do clorofórmio, pelo médico escocês Sir James Young Simpson (1811—1870). Simpson, em 1847, recomendou o uso no parto, ao que o clero lhe respondeu com Gênesis [3:16]:

“E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.” - Gênesis 3:16

Simpson, no entanto, logrou aprovar os anestésicos para os homens, salientando que “Deus anestesiou Adão, adormecendo-o, antes de extrair sua costela”... Terrível! Sim, precisamos abolir tudo isso, o corão, a torá, o velho e o novo testamento, a RELIGIÃO; para vivermos melhor, com mais saúde, paz, e em ‘verdadeira harmonia’... E não seremos capazes da fazê-lo se não pudermos entender e combater, o primeiro fundamento contido em tais livros; i.e., o ‘enaltecimento da ignorância’ pelo repúdio à razão e ao entendimento, ao conhecimento REAL, factual, científico... E a subsequente ‘glorificação da submissão’, da servidão e do conceito de ‘manada’... 

Não seremos capazes de abolir tais livros se não pudermos entender ‘antes’ a clara sentença de morte à consciência e àqueles que a conservam: os ‘hereges’... E não poderemos dar este passo, se não pudermos constatar também o preconceito, o sectarismo, o racismo, a pulsão de MORTE, e o regozijo pela morte, contido em tais mensagens apologéticas... 

Precisaremos confrontar os dogmas de tais sociedades extremamente preconceituosas, estratificadas, eliminando o aspecto 'pecaminoso' de escolher não se casar, e de viver como pretendemos; eliminando a figura absurda do dote, e enaltecendo a figura do afeto entre parceiros, entre casais... Esta não é a supremacia de uma cultura sobre a outra, senão a supremacia da liberdade sobre a opressão. Precisamos enaltecer o valor PENSAMENTO repudiando o culto à SUBMISSÃO...

E neste ponto devolvo a citação do ‘Pequeno Príncipe’, a Gleiser, porque este gesto de coragem é o verdadeiro gesto de amor:

 “Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” – (Antoine de Saint-Exupéry; ‘O Pequeno Príncipe’)

Quando Lula diz, antes da eleição, que "o bolsa família serve para conseguir votos dos pobres", e depois muda diametralmente de posição, ele mente, ludibria, se afunda em contradição... contrapõe proposições em um mesmo discurso... Quando Lula diz que "o norte é um curral eleitoral" da família Sarney, de Lobão e Barbalho, mas depois diz que "Sarney, pelos serviços prestados a este país, não pode ser tratado como um homem COMUM" - além de encher os pulmões para chamar um repórter de "preconceituoso", e alegando que "Sarney é o seu presidente do congresso, é o presidente do congresso do Brasil", devidamente postado ao lado de Roseana -, ele está tentando nos enganar...

Um homem de bem poder até seguir em frente com sua preferência devota, afinal o voto é pessoal e livre, mas não pode esconder a VERDADE alegando que não existem verdades... E escute a Galileu, quando sabiamente adverte que a melhor forma de endereçar a verdade é propor proposições bem demarcadas e objetivas... Questões genéricas, e A VERDADE que tanto te preocupa, só servem para destruir proposições claras e objetivas, benéficas à VIDA... Sim, porque diminuímos a mortalidade em 40 vezes, a violência em 100 vezes, e triplicamos a expectativa de vida porque existem verdades... Mas subimos em uma rampa acendente, com picos de altos e baixos; e fascismos, como estamos presenciando, destroem os sonhos de algumas gerações... Acentuando que existem gradações de erro, existem verdades, existem mentiras... 

Charles Bukowski, que você idolatra sem limites, não passou de um cínico e debochado, que enquanto se autodestruía em seu notório narcisismo, levou um mundo de bobos à vã idolatria... O mesmo fenômeno, com severos agravantes, pode ser dito do mito de Che Guevara, um psicótico covarde e assassino... Sendo estas proposições amplamente comprovadas... Vejo que você tem consideração e ama sua família, então dê mais uma olhadinha no que diz haver entendido sobre Bukowski...

Então, senhor Daniel, e a propósito: SIM, EXISTEM VERDADES - mesmo que não as queira encarar... E relativizar a existência de proposições verdadeiras tem sido o primeiro ato daqueles que, logo em seguida, passarão a reclamar autoridade sobre a realidade - e sem apresentar qualquer tipo de prova, senão o CINISMO e, não raro, o DEBOCHE... Mas estarei aqui para denunciar!

Sob o obscuro pretexto de não atingir a perfeição muitos deixam de fazer a sua parte, capengando, e impedidos de culminar naquilo que realmente importa: PROGRESSAR...

Q.E.D.

Carlos Sherman