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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Paradoxo do 'Feminismo'



Existe uma contradição no cerne da questão ‘feminista’, uma contradição que poucas feministas enxergam, reconhecem ou aceitam... 

(1) Somos Iguais: o 'feminismo' clama por igualdade e identidade entre mulheres e homens... Abaixo o sutiã, diferenças estéticas, corte de cabelo, pelos nas axilas, etc.;
(2) Somos Diferentes: mas alega que homens e mulheres são diferentes, e que as mulheres são superiores aos homens... Os homens devem 'mudar', mas as mulheres estão bem adaptadas...

Não podemos afirmar que homens e mulheres estão igualmente adaptados para todos os tipos de trabalho, e também não podemos afirmar que se todos os trabalhos fossem feitos por mulheres eles seriam feitos de um modo diferente, melhor, superior, ou mais eficaz... Por isso declarações feministas de superioridade da mulher em relação ao homem estão distantes de uma correta abordagem do ‘natureza humana' e sua 'diversidade'... 

O 'feminismo' afirma explicitamente que 'se houvessem mais mulheres em cargos de poder prevaleceriam valores mais humanos'... Parte-se, então, do pressuposto de que 'as mulheres diferem dos homens em sua natureza'... Supostamente, e ainda segundo o 'feminismo', se as mulheres gerissem ou cogerissem o mundo haveriam – por exemplo – menos guerras... Algumas arriscam mesmo a dizer que “não existiriam guerras”... Quando mulheres estão à frente de empresas, parte-se do pressuposto de que ‘haverá mais cooperação, em detrimento da competição - marcadamente masculina’... Estas são afirmações explícitas e firmes de 'puro sexismo', mas que realmente dizem que ‘a mulher tem uma personalidade e natureza que diferem do homem’... Dito de outra forma: 'se a mulher difere do homem em personalidade, significa que provavelmente sejam melhores ou piores do que os homens em determinados trabalhos tipos de trabalhos'... O que está cientificamente demonstrado...

Não podemos simplesmente ‘jogar tênis sem rede’, ou seja, alegar diferenças quando convém, e negá-las quando não convém... Chamamos a isso, em Psicologia, de Desvio Cognitivo de Confirmação... Também não poderemos apelar impunemente para as “pressões e convenções sociais” - um terreno pantanoso - para justificar tais diferenças... Se o “patriarcado” dispusesse de tamanho poder, como os cientistas sociais nos querem fazer crer, a natureza de uma pessoa seria irrelevante... Sendo assim, e apenas como exemplo, um homem proveniente de um lar desfeito e que viveu uma vida dedicada ao crime seria um produto inequívoco desta experiência... A correlação é realmente alta, de um lar violento produzir indivíduos violentos, MAS NÃO SE FOREM ADOTADOS... O que nos diz que a genética compartilhada por pais e filhos desempenha um papel fundamental... No caso de gêmeos homozigóticos, se um dos gêmeos é gay, existirá uma correlação de 70% para que o outro também seja gay... Se forem criados em lares diferentes esta correlação cai para 50%, e se forem gêmeos dizigóticos criados no mesmo lar, a correlação despencará para cerca de 16%... 

Estamos mais uma diante da falaciosa teoria da Tábula Rasa - termo cunhado por John Locke (1632-1704), e um dos pilares para todas as teorias sociais... Somos, segundo este princípio, uma folha em branco no qual a personalidade e o caráter são impressos por meio da cultura e do processo de socialização; desprezando inteiramente a condição natural do ser humano, em favor de uma 'sociologização' do comportamento... Convenceu a muita gente e por muito tempo, e segue predominando como a 'crença vigente' até os nossos dias, mas realmente não passa de mera 'crendice'...

Tal premissa equivocada nortearia o pensamento ocidental de Platão a Marx, passando por More, Montaigne e Rousseau, para citar apenas uma das inúmeras ramificações que tal doutrina produziu... O 'freudismo' delirante e as próprias tradições espirituais navegaram a mesma nau... Não somos um mero produto do meio, com Marx 'reafirmou'... O aprendizado do meio, possibilitado e dirigido por nossa genética, operando a partir de nossa bioquímica e neurofisiologia, constitui o complexo de nosso comportamento... 

Conceitos utópicos como a "construção do novo homem" de Lenin não passaram de  uma caricatura falaciosa da realidade, e inescapável demonstração da força do culto à personalidade... A exegese de tal ideário revela a arbitrariedade e o despotismo em pretender julgar e definir 'como seria' este "novo homem"... Faces do 'narcisismo leninista-marxista', uma utopia irreal e surreal... Hodiernamente nos divertimos com de tais disparates, que, no entanto, fundamentam a enclausurada 'Filosofia-Sociológica’... Mas este é outro assunto...
  
Inegavelmente as memórias episódicas, conceituais e referenciais do presente e o passado fazem parte do acervo de referências e experiências de um ser humano; mas tais impressões cognitivas serão percebidas e capturadas por nossa cognição e tratadas em nossa natureza... As diferenças entre 'gêneros' e 'inter-gêneros', jogarão um importante papel neste complexo, fazendo parte desta natureza ... 

Afirmar, por exemplo, que 'mulheres não escolhem a carreira política porque foram condicionadas a pensarem na política como uma carreira para homens’, subestima o papel e a força da mulher... A política tem tudo a ver com a busca de estabilidade, e sobre a qual, e majoritariamente, as mulheres têm se saído melhor do que os homens... As mulheres podem entrar para a política se o quiserem, e a sociedade ocidental diz que SIM... Um dos motivos que tornam a carreira política pouco atrativa para as mulheres, pode muito bem estar representado pelo 'sexismo' que vai na cabeça daqueles que as rodeiam... Mas também seria absurdo admitir tacitamente que é a única coisa que pesa é a opinião alheia...

Já argumentei - anteriormente - que homens e mulheres são diferentes, sob muitos aspectos, e não sobre todos os aspectos... E também demonstrei que tais diferenças provêm de um passado evolutivo no qual os homens caçavam e as mulheres coletavam...

Os homens percorriam grandes distâncias em busca de caça, e precisavam naturalmente enfrentar o desafio da 'orientação espacial’... As mulheres colhiam frutos e tubérculos, necessitavam de uma 'visão detalhada’ de seu entorno, mas permaneciam nas redondezas de seu núcleo de fixação... Por isso, e sem demora, antes que seja acusado de dizer que ‘lugar de mulher é em casa, enquanto o maridão sai para sustentar a casa', devo adverti-los e surpreendê-los com a excepcional observação de Matt Ridley (‘A Rainha de Copas’):

“A prática de sair de casa para trabalhar num escritório ou numa fábrica é estranha e nova para a psicologia do macaco antropoide que vivia na savana. É igualmente tão estranha para um homem como para uma mulher. Se no Pleistoceno os homens saíam de casa para realizarem longas caçadas, enquanto as mulheres percorriam distâncias mais curtas para recolherem plantas, então talvez os homens estejam mais bem adaptados para viagens longas até o emprego.”

Talvez... Mas o que realmente importa é que ninguém, mulheres ou homens, está realmente adaptado evolutivamente para ficar sentado como secretária falando ao telefone, ou passar dias a fio em uma bancada de fábrica apertando parafusos em moto-continuo... O fato do “trabalho” ter se tornado uma tarefa dita “masculina” enquanto o “lar” se tornou uma tarefa dita “feminina” é um acidente histórico: a domesticação do gado e a invenção do arado transformaram a coleta de alimentos em uma tarefa que podia se beneficiar da força física masculino... Porém, em sociedades onde a terra ainda é trabalhada à mão, são as mulheres que fazem a maior parte do trabalho... A revolução industrial veio reforçar tal tendência... Mas a revolução pós-industrial, com a crescente e 'recente' oferta de serviços, reverter mais uma vez tal tendência... As mulheres estão novamente ‘saindo para trabalhar fora de casa’, tal como o faziam quando procuravam tubérculos e frutos no Pleistoceno... Por isso, não existe qualquer justificativa com base na Biologia Evolucionária que sirva de esteio para a visão machista de que “os homens devem ganhar dinheiro e as mulheres devem cozer as suas meias”... 

Podemos, no entanto, topar com profissões - tal como a mecânica de automóveis ou a caça - para as quais os homens estarão mais bem adaptados neuropsicologicamente e fisiologicamente do que as mulheres... Assim como existem profissões - tal como a medicina ou a educação – para as quais as mulheres estarão naturalmente melhores adaptadas... 



Apesar da natureza ser originalmente 'fêmea', e apesar de sermos todos 'fêmeas' até a sexta semana de gravidez - contrariando a ignorância bíblica -, a biologia não pode ser invocada pelo sexismo quando tratamos de ‘carreiras’... De fato, e curiosamente, olhando de uma perspectiva evolucionária, encontramos muitas mais sustentações para uma atitude igualitária de 'oportunidades' na Biologia e na Etologia do que a própria ‘Filosofia’... Na verdade devo ir mais longe afirmando que todas as questões ditas ‘morais’ e, portanto, ditas subjetivas, podem ser reduzidas a questões objetivas, onde a CIÊNCIA poderá contribuir - sendo o 'gênero' uma delas... 

E não espero mais para dizer que:

Mulheres, homens, humanos, tem 'expectativas' diferentes, o que não condiciona uma 'capacidade' diferente!!! Isso muda tudo, e novamente subverte a questão... Somos diferentes, evoluímos naturalmente para desempenhar papéis diferentes, e 'de um momento a outro', afinal 50.000 anos é um lapso evolutivo, nos vimos em um mundo inteiramente novo, gozando das mesmas faculdades inatas...

Ao longo de gerações o sucesso reprodutivo dos homens dependeu de sua posição hierárquica e política... As mulheres raramente foram incentivadas a este tipo de ‘batalha’, afinal  o seu sucesso reprodutivo dependia de outros fatores... Por isso a perspectiva evolucionária prevê que as mulheres não manifestarão, com tanta frequência, interesse espontâneo pela política... Mas nada implica em que não seriam boas no trato com as questões políticas - e ao contrário... As evidências sugerem que as mulheres são, em média, ligeiramente melhores do que os homens na gestão de países...

Não posso perder a oportunidade de dizer que este não é o caso da ‘masculinizada’ “presidenta Dilma” - um mero avatar do “Lulinha paz e amor” [sic]... Em suma, e no caso do 'gerenciamento', as evidências 'parecem' apoiar o pressuposto 'feminista' de que ‘existe um certo toque feminino’ para governar... Vejamos: intuição, avaliação de caráter, desapego em ‘adorar a si mesma’, diplomacia, etc... ‘- Morram de inveja, homens!!!’ 

Estamos falando em 'tendências' inatas, e muitos outros fatores serão importantes na especialização para o bom cumprimento de uma função, além da experiência... Infelizmente, muitas organizações - sejam empresas, instituições de caridade, ou governos - recompensam a 'ambição astuciosa' ao invés da 'capacidade'... Nem sempre os melhores na ‘guerra para chegar ao topo’ serão os melhores para o bom desempenho da função... E não sei por que ‘o capo Lula’ me vem à mente novamente [sic]!!! 

E já que homens estão mais preparados para a ‘guerra’, não nos beneficiamos tanto quanto poderíamos deste ‘toque feminino’ na administração... Devemos assinalar tal condição, não para acirrar a 'luta sexista', mas para retificar a compreensão sobre a natureza humana, em benefício das gerações vindouras, que poderão contar com o ‘ponto de vista’ das mulheres... Não defendo ações ditas ‘positivas’ e sim pleno esclarecimento... Não defendo ‘cotas femininas’, e sim esclarecimento público e acadêmico... 

As 'feministas' têm uma agenda diferente, e acreditam em cotas para a representação proporcional de mulheres no parlamento e no governo... Elas poderiam ter razão se assumissem  que as mulheres são ‘diferentes por natureza’... Se forem iguais, então não haverão motivos para considerar que homens ou mulheres fariam um melhor trabalho - e nem que cada qual representaria apenas o interesse de seu ‘gênero’... Notaram o périplo conceitual e paradoxal??? Iguais ou diferentes??? 

Acreditar na ‘igualdade de oportunidades’ para os sexos é uma proposta justa, mas acreditar na ‘identidade sexual’ é outra questão – uma questão muito peculiar, certamente 'pouco feminina', e muito 'mal colocada'... E deixar que os pelos cresçam sob as axilas não contribuirá para o debate - e ao contrário...

Este é um mundo 'novo'!!!

As poucas 'feministas' que entendem e reconhecem tal contradição são denunciadas no 'pelourinho' da categoria... A enfadonha escritora americana Camille Paglia é uma das poucas militantes feministas que denunciam este truque 'impossível': ‘provar que o homem deve mudar a sua natureza, enquanto insistem que a natureza das mulheres é especial e imutável’... Ela argumenta sabiamente que os homens não são mulheres dentro de um armário e que as mulheres não são homens dentro de um armário:

“Acorde! Homens e as mulheres são diferentes.” – Camille Paglia

Os cérebros de homens e mulheres são mais parecidos do que diferentes, e parafraseando Matt Ridley, 'a similaridade é a sombra da diferença'... Somos humanos, homens e mulheres, mais parecidos do que diferentes... Mas somos diferentes... Isso não erige um muro de impedimentos, mas sim uma tremenda escada de compreensão para que olhemos por sobre as divisórias naturalmente erigidos pela Evolução e pela Cultura, e por sobre as barrigadas erigidas pelo 'feminismo'... 



Chamo a atenção ainda, e concluo com destaque, para o fato de que a agenda do 'feminismo' pode estar totalmente equivocada, a ponto de não notar uma questão muito mais ampla e legitima: A QUESTÃO DA INDEFINIÇÃO DE GÊNERO... 'Feministas' podem estar diagnosticando mal o problema, e prognosticando a solução de forma ainda mais confusa e contraditória...

Convivemos com uma anatomia genital que pode estar 'mais ou menos definida' quanto ao gênero, um cérebro mais ou menos definido, com paridade ou não em relação à nossa anatomia, e uma riqueza bioquímica hormonal, além dos complexos e 'dinâmicos' papéis sociais e culturais para homens e mulheres... Não existe um 'padrão' de pureza masculina ou feminina, e estamos no século que enfrentará e dará respostas definitivas à esta questão... Somos humanos, dispomos de 'características' referenciadas como mais ou menos masculinas; e poderemos acomodar, em futuro próximo, muitas e diferentes formas de conviver com diferentes expectativas... Não dependeremos do 'tudo ou nada', 'macho ou fêmea', abrigando novas expressões e possibilidades HUMANAS - troppo umanas... Diferentes tipos de 'homens', de 'A a Z', diferentes tipos de mulheres, e múltiplos tipos alternativos, todos eles HUMANOS, e fazendo jus às mesmas prerrogativas da cidadania, dos direitos humanos e individuais...

Na via auto-imune e frustrante do 'feminismo', seguem mulheres que, por diferentes questões relacionadas à personalidade, empunham bandeiras que ainda não entenderam - ou não podem entender -, ao lado de uma MAIORIA que ainda não encontrou clareza sobre sua REAL condição INTER-GÊNERO: 'cérebros um pouco masculinizados, em corpos anatomicamente mais femininos', e com um mundo de possibilidades pela frente... Podem assumir esta personalidade 'mais masculina' além de uma sexualidade mais masculina; ou podem - por exemplo - conviver com homens que disponham de perfis de personalidade mais 'femininos', mesmo que ambos decidam manter-se dentro da convenção hétero... 

E NÃO É ISSO QUE SE VÊ??? Aquele tio e aquela tia, um belo casal, ela com trejeitos 'ditos' masculinos, e ele com um certo toque 'feminino'??? 



Não foi Milton Nascimento quem disse que "TODA MANEIRA DE AMOR VALE À PENA"??? Hoje lutamos pelo DIREITO AO AFETO... E ISSO DEVE ENCERRAR O VELHO 'MAL-ENTENDIDO' FEMINISTA!!!

Espero que um futuro próximo possa acomodar todas as diferenças, entendendo sobretudo que:

SOMOS MARAVILHOSAMENTE IMPERFEITOS... 

Sem 'deuses' ou magos filosóficos, dediquemo-nos com curiosidade e alegria, e sem preconceitos, à nobre tarefa de desvendar e conhecer - parafraseando Sagan - 'a ficha do órfão': o HOMO SAPIENS...

E a propósito: FEMINISMO TAMBÉM É UMA FORMA DE PRECONCEITO!!! 

Carlos Sherman




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