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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

... o conforto onírico da fé ...




(..) E dói tanto que muitos preferem o conforto onírico da fé. Ora, a definição paulina de fé, trazida em Hebreus é clara: "a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem" (Hebreus 11:1). PROVA das coisas que não se veem!!! Fé é certeza, é prova, é a convicção de que uma coisa É TAL QUAL nós a concebemos; é uma firmeza universal, inelutável, reconhecidamente apta e bastante para isenção de qualquer julgamento... Esperança? Minha nossa, como confundir fé com esperança? Esta última diz respeito àquilo que desejamos que aconteça, é uma EXPECTATIVA daquilo que se deseja, é uma espera de REALIZAÇÃO DUVIDOSA... Ninguém precisa de fé para ter esperanças... rsrsrs... Na fé não há espaço para dúvidas. Inobstante, quando se trata de esperanças, as aspirações podem se concretizar ou não. Mais claro e hialino que isso, só o sol. Quanto ao "sentir" (rsrsrs), este se situa no campo das experiências anedóticas, ou seja, absolutamente impossíveis de serem provadas. É algo pessoal. Aquilo que um indivíduo sente, só é verdade para ele... O problema é quando resolvem impor esse sentir como verdade absoluta. A história já demonstrou que isso tem consequências desastrosas... Não é porque sinto algo, por mais puros que sejam meus sentimentos, que isso passa a ser verdade... Não é nosso desejo de que algo seja real, que torna as coisas reais de fato. Anatole France em "La révolte des anges" discorreu brilhantemente sobre o tema dizendo: "Se 5 bilhões de pessoas acreditam numa coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida"... A psiquiatria já demonstrou às escâncaras que nem tudo que um indivíduo sente é real... se a mentira for tida como verdade, será verdade enquanto acreditarem nela? Claro que não... Para que algo seja tido como verdadeiro e adquira status de verdade, precisa ser submetido ao crivo da ciência. E a ciência ao longo dos anos vem destronando mentiras e derrubando mitos e dogmas injustificáveis. De minha parte, não penso ser uma escolha inteligente crer numa mentira só porque ela traz um consolo mendaz e infantil. Ainda bem que Darwin não fez essa escolha brilhantemente "inteligente"...rs... Muitas vezes procurar e saber a verdade é um sofrimento, mas é libertador! A supervalorização de crenças ou de sentimentos pessoais em detrimento das evidências subjacentes é uma hábil maneira de auto enganar-se... Para garantir-se um equilíbrio interior eficiente, penso que a verdade seja muito mais útil que a mentira. Afinal de contas, não fomos nós ateus que dissemos que "a verdade nos libertará"... 

(..) E se "muitos estão mais preocupados em derrubar dogmas e hábitos"... é porque dogmas e hábitos nefastos vêm matando e torturando pessoas ao longo dos séculos. É porque os tais dogmas e os tais hábitos, por mais desumanos e injustificados que sejam, refutam a verdade em detrimento do interesse dos oportunistas de plantão, atrasando o desenvolvimento da ciência, da humanidade, obstruindo o consolo e a cura que os métodos científicos procuram trazer a muitos que sofrem. Essa me parece uma realidade deveras preocupante. E a menos que uma pessoa seja extremamente ingênua ou extremamente cínica, ela se ocupará em fazer prevalecer a verdade e a liberdade, ainda que isso muito lhe custe.

(..) Talvez porque as pessoas associem felicidade com fé... ou, pior, com religiosidade. Elas não concebem que uma pessoa possa ser feliz em qualquer grau, como qualquer outra, sem crer em nenhum deus ou divindade. Acham anti-natural. Nós pensamos exatamente o contrário: como alguém consegue ser feliz sem ter liberdade de pensamento, deixando-se livremente garrotear e garroteando-se a si próprios com crenças gestadas por seus ancestrais quando tinham medo do escuro ou do trovão... Crenças em sua maioria, da era do bronze... Para nós é absolutamente desconcertante conceber que alguém fale com seres imaginários, que os ouça, que realmente se acredite tão importante para ser filho do criador do Universo, e advogar em seu favor, creia-se um escolhido, um eleito, um arauto da sabedoria.. rsrsrs... sabedoria essa que tem assento num livro que sofreu inúmeras falsificações, adulterações e falseamentos ao longo das eras... que sequer existe em seu original... um livro que trata de personagens fictícios, cuja existência história a ciência refuta solenemente e a própria religião jamais conseguiu provar... é interessante para nós o fato de não aceitarem a morte, o evento mais natural da vida (!!!) e a finitude das coisas... E de não encontrarem alegria na vida, no mundo, senão se apegando, apelando e fazendo barganhas com seres sobrenaturais... Mas a crença é atávica, tem raízes biológicas. Conquistar a liberdade de pensamento é para poucos. Para os poucos que verdadeiramente querem. Mas quem quereria? A fé é um belo consolo... quem se dispõe a viver sem ele?

Valdirene Destro

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