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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Freud, um mentiroso? Ou uma Fraude?



Freud, um mentiroso? Ou uma Fraude?
Por Texto de DÉCIO FREITAS * 07/12/2003 às 13:16

Décio Freitas é um historiador de esquerda que faz uma analise das bases da psicanálise pelos conhecimentos atuais do método que criou as bases falsas desta falsa terapia. Apesar de prometida ser um “cura” passou com o tempo a ser uma fraude completa.
Freud e Fliess, provável autor das idéias plagiadas pelo primeiro.

Cada época histórica costuma fazer ajustes de contas com a época pretérita - seus valores e seus ícones -, e o faz de forma cruelmente iconoclástica. Marx, pensador da utopia social, está reduzido a cacos. Freud, pensador da cultura moderna, sofre ataques que sequer poupam sua probidade científica. 

A era das suspeitas sobre a probidade científica iniciou-se com audaz livro de Frank Cioffi (1973): Foi Freud um Mentiroso? Henri Ellenberger tachou a probidade científica de Freud de "vasta lenda". Historiadores da psicanálise questionaram suas curas. Acusam-no de inculcar como casos "objetivos" fragmentos de sua auto-análise, de esconder as fontes, de atribuir aos pacientes "livres associações" por ele próprio elaboradas, de exagerar sucessos profissionais, de difamar os oponentes. Ano 
passado, saiu em alemão livro do holandês Han Israëls, Der Fall Freud: Die Geburt Der Psychoanalyse Aus Der Lüge (Mais ou menos: O Caso Freud: o Nascimento da Psicanálise, Gerada pela Mentira). Na London Review of Books de abril, Mikkel Borch-Jacobsen, da Universidade de Washington, autor de Lembrando Ana O: um Século de Mistificação, fez sobre o livro extensa e erudita resenha, base deste artigo. 

Israëls propõe-se fazer o diagnóstico da mendacidade de Freud. Com argumentação meticulosa, tenaz, devastadora, sustenta que ele confiava tanto em suas teorias que anunciava publicamente sucessos terapêuticos ainda não confirmados. Quando os sucessos não se materializavam, abstinha-se de dar a razão verdadeira - a prática de grave fraude científica. Como criança apanhada em flagrante, recorria a novas mentiras, acusando outros de lhe terem mentido. Sim, como dizia Cioffi, "Freud era um inveterado mentiroso que não hesitaria um só momento em reescrever a realidade se isso lhe permitisse sair da apertura". Fazia passar seus fracassos terapêuticos por avanços científicos. A despeito da retórica positivista, a psicanálise teria sido, desde o início, prática puramente especulativa, na qual fatos e provas tinham, na melhor das hipóteses, papel marginal. Como podia acreditar em todas aquelas bobagens que lhe contavam? Punha a culpa em outros, convertendo fracassos em vitórias: afinal, não fora ele próprio quem revelara as mentiras? Para Israëls, as mentiras começaram antes mesmo do nascimento da psicanálise. O primeiro grande fiasco foi em artigo (1884) no qual recomendava a cocaína para males tão diversos como desordens digestivas, enjôos a bordo, neurastenia, nevralgias faciais, asma e impotência, garantindo que a droga não criava dependência, como comprovara na cura de paciente (na verdade, o paciente de Freud era um amigo e o tratamento revelou-se um trágico desastre). Eminente especialista, o doutor Alnrecht Erlenmayer divulgou que testara o tratamento, sem resultado. Ao contrário, o paciente viciara-se em cocaína. Acusou Freud de adicionar à morfina e ao álcool "a terceira praga da humanidade". Réplica de Freud: o colega administrara mal a cocaína. Nunca mais voltou ao assunto, sempre ocultado por seus biógrafos. 

Freud datava o nascimento da psicanálise do dia em que seu amigo Josef Breuer teria conseguido eliminar os sintomas histéricos de sua paciente Ana O. Demonstra Israëls que ela não foi curada pelo método psicanalítico ("cura pela fala"), mas após vários períodos de internamento em clínicas. Freud jogou a culpa no amigo, que não reconhecera o papel da sexualidade na etiologia da histeria (texto de Breuer desmente isso). Israëls denuncia a fraude da "Teoria da Sedução". Em conferência de 1896, Freud sustentou que os sintomas da histeria podiam ser atribuídos a traumas sexuais da infância, proclamando que em 18 casos descobrira a conexão e tivera sucesso terapêutico. Quatro meses depois, confessou ao amigo Fliess que nenhum dos tratamentos fora concluído. Não o comunicou porém, a seus colegas. Só 17 anos depois admitiu haver errado na teoria da sedução, sem mencionar seu fiasco terapêutico e o papel deste no abandono da teoria. Haviam-no confundido os "relatos em que pacientes referiam experiências sexuais passivas nos primeiros anos da infância", até que percebeu tratar-se de fantasias oriundas da "vida sexual da criança". 

Jacobsen relativiza as denúncias de Israëls. As mentiras de Freud sobre questões clínicas não bastam para condenar a psicanálise. Só a reconstrução do contexto teórico de Freud permitirá explicar por que tão facilmente tomou suas especulações por realidade. Se a psicanálise deve ser criticada, não é por "fabricar" a evidência, mas por recusar-se a reconhecer isso e tentar encobrir o artifício. Freud não mentia cinicamente - só se convencia do próprio sucesso. Para Jacobson, à diferença das modernas ciências experimentais, a psicanálise se baseia em "observações" que, devido ao sigilo médico, não são acessíveis a outros pesquisadores, inibindo a contestação e o consenso. Como Lacan candidamente admitiu, isso é o que vincula a psicanálise a uma prática pré-moderna como a alquimia, que exigia "pureza d’alma do operador". Jacobsen: se não se pode confiar na "pureza d’alma" de Freud, o que resta da psicanálise? 

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