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domingo, 16 de novembro de 2014

EnFim!


EnFim!

Findo o acordo, não serão as mãos entrelaçadas nem as palavras ditas no calor do amor, mas as angústias dos movimentos derradeiros, que sobrevirão... E já não sobreviverão recordações doces e delicadas, senão o amargor do depois... Mas o carinho fica, e abriga... E depois? E antes? E antes do antes? Quando já não sabemos quem fomos antes, quando nos intertransformamos, nos interpenetramos, para não mais... E no vazio do recomeço, na mediocridade do faz-de-conta, o que realmente conta? O que podemos ver e antever? O que saboreamos? Somos melhores do que antes, saboreamos tal condição, sabemos que há esperança, sabemos que fomos a esperança do antes... Só posso me desculpar de haver querido muito, desejado muito, e amado muito mais... Não lamento nenhum intento, não lamento a poesia derramada... Mas quem vai cuidar de nosso jardim? 

E uma única pergunta deve, então, ser respondida: será melhor assim? Sim, e por sobre a dor presente, e por sobre a vida que já é passado, sim, sim, faremos melhor... E se melhor for, quando os novos dias sejam descortinados, que voltemos a nos apaixonar? Então saberemos ser este um presente de um novo presente, e não há muito mais sobre o que especular... Mas hoje, hoje o que conta é a inescapável sensação de desperdício - e vai passar... O passado está em nós, o passado está no presente; e na verdade, não existe passado! O futuro vive aqui, no presente; na verdade não há futuro algum! Só existe vida, vita brevis - mas ainda há viva... Humanos, troppo umanos, EnFim!

Carlos Sherman

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