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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ethanol Summit 2011



Prezados,

Estive presente, nesta segunda e terça, 06/06 e 07/06, no terceiro Ethanol Summit (2011), considerado o evento mais importante sobre Bioenergia do Planeta. O Evento teve como ‘âncora’, o perspicaz, e carismático William Waack, e contou com a participação de pesos pesados como:


Gilberto Kassab - Prefeito de São Paulo
Luciano Coutinho - Presidente do BNDES
Aldo Rebelo - Deputado Federal por São Paulo
Haroldo Lima - Presidente ANP
Edison Lobão - Ministro das Minas e Energia
Geraldo Alckmin - Governador de São Paulo
Mark Gainsborough - Vice-Presidente de Portfólio Estratégico e Energias Alternativas SHELL
Miguel Rossetto - Presidente PETROBRAS BIOCOMBUSTÍVEL
Philippe Boisseau - Presidente de Gás e Energia TOTAL
Phil New - Presidente BP BIOCOMBUSTÍVEIS
Vinod Khosla - Presidente KHOSLA VENTURES
Bruno Melcher - Presidente LDC-SEV
Fábio Venturelli - Presidente Grupo São Martinho
José Carlos Grubisich - Presidente ETH
Marcos Lutz - Presidente GRUPO COSAN
Narendra Murkumbi - Presidente SHREE RENUKA
Jacyr Costa Filho - Diretor Presidente GUARANI S.A.
Cledorvino Belini - Presidente ANFAVEA
Jason Clay - Vice-Presidente de Transformações de Mercado WWF
Jay Keasling - Presidente INSTITUTO DE BIOENERGIA, JBEI, LABORATÓRIO NACIONAL LAWRENCE BERKELEY
Jonas Stromberg - Diretor de Sistemas Sustentáveis SCANIA
José Goldemberg - Ex-Ministro do Meio Ambiente e Professor USP
Mariângela Rebuá de Andrade Simões - Ministra Diretora do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores
Robert Berendes - Diretor Mundial de Desenvolvimento de Negócios SYNGENTA
Paulo Sotero - Diretor WOODROW WILSON CENTER
Tom Ruud - Presidente do Conselho UMOE BIOENERGIA
Mario Lindenhayn - Presidente BP BIOCOMBUSTÍVEIS BRASIL
Claudio Piquet Pessôa - Diretor GLENCORE BRASIL
Ricardo Castello Branco - Diretor de Etanol PETROBRAS BIOCOMBUSTÍVEL
Vasco Dias - Presidente RAÍZEN
José Anibal - Secretário de Energia do Estado de São Paulo
Ana Paula Zacarias - Chefe da Delegação da União Européia no Brasil
Marina Silva - Ex-Ministra do Meio Ambiente
Fernando Pimentel - Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Marcos Jank - Presidente da UNICA


O evento tratou de temas como:
O futuro do petróleo e o papel dos biocombustíveis;
2020 e além: O futuro do setor sucroenergético;
A cana-de-açucar e a economia de baixo carbono;
Expansão e investimentos no setor sucroenergético brasileiro;
Açúcar e etanol certificados: como produzir e a que custo?
Pró-atividade no setor sucroenergético brasileiro;
Uso da terra, segurança alimentar e o futuro dos biocombustíveis;
Transporte público: nova frente para o etanol?
Híbridos, elétricos e flex-fuel: opções ou convergência?
Biocombustíveis na aviação: avanços e perspectivas;
Um novo ciclo de investimentos para a cana no Brasil;
Políticas públicas: garantindo o abastecimento e o crescimento;
Políticas públicas para desenvolvimento global dos biocombustíveis: desafios e oportunidades;
A revolução da cana I: novos produtos;
A Revolução da cana II: bioplásticos;
Biocombustíveis celulósicos: o futuro já chegou?
Bioeletricidade: desafios para crescer;
Eliminando barreiras: abrindo caminhos globais para o etanol;
O papel estratégico da infraestrutura;

Minhas impressões gerais e com enfoque de negócio:
1.            O evento envolveu os principais atores de toda a cadeia, campo (feedstock), processo (technology), aplicação (moléculas); e este foi um grande marco para o setor. No entanto, sobraram reflexões, e faltaram respostas.
2.            Apesar da efetiva mediação, com insistentes provocações por parte de William Waack, os pesos pesado se comportaram como devem se comportar os presidentes de sociedades anônimas, e com ações publicadas na bolsa: politicamente corretos, comedidos e evitando exposições. Entrei com muitas indagações, e descobri que são as mesmas indagações de todos, mas não descolei respostas;
3.            Na questão campo, feedstock, matéria prima, a ‘biomassa’ começa a ser mais veiculada do que simplesmente falar de ‘cana de açúcar’, até porque o assunto ganha contornos globais. O tema este sendo ampliado.
4.     Não houveram importantes comentários sobre o uso de culturas como por exemplo o ‘capim elefante’. A modificação genética foi bastante comentada e explorada, assim como a utilização de aditivos como no caso da Syngenta; e existe muita expectativa em uma forte resposta do campo, seja na quantidade por hectare, como previsões de incremento e manutenção de valores médios da ordem de 150 toneladas por hectare, até 200, 250 e 300 toneladas por hectare. Assim como, previsões otimistas sobre o a quantidade de sacarose; principalmente por parte dos atores petroquímicos como a BP e Petrobras, que se esquivaram de discutir o ‘sealed price’ da gasolina em relação ao negócio etanol.
5.     BP e Petrobras insistiram que não podemos justificar o negócio etanol pela gasolina, porque o preço do barril deve cair ainda mais e se manter baixo. E que esperam ganhos no negócio etanol com os preços que aí estão, a partir de uma revolução no campo e na tecnologia de processo.
6.            A Raízen, mesmo com ‘raízes’ petroleiras, seguiu em sentido oposto, e manteve o debate sobre o preço tampão da gasolina.
7.        A Total, Amyris, não discutiu o mérito ‘campo’, preferindo manter seu foco no valor agregado à ‘molécula’ que será produzida.
8.            O campo, no entanto, manteve a discussão no futuro. A realidade está aqui e agora, e os investimentos parecem seguir represados, apesar do otimismo geral em todas as plenárias;  
9.      Sobre tecnologia, além da posição e da disposição da Amyris em trabalhar outras moléculas, e com alto valor agregado, o tema principal foi o etanol celulósico e de segunda geração. Participei de um painel exclusivo sobre etanol celulósico, considerei muito modesta a posição da Petrobrás sobre o tema, dois outros centros de pesquisa internacionais trataram do tema como resolvido e inventado, mas não apresentaram ‘cases’ em escala industrial. Os números estimados são bastante atrativos, e não foram contestados, mas não foram comprovados através de aplicações. A Fapesp procurou mostrar que o Brasil investe mais do que todo o planeta em pesquisa no setor, mas não foi convincente;
10.    Muito se falou sobre a obtenção de novas moléculas ou produtos, e o presidente da única chegou a dizer que estão estudando alterar o nome do evento para ‘Bioenergia da Cana de Açúcar’, considerando que o avanço na produção de outros subprodutos combustíveis, ou seja, outras moléculas, será rápido e efetivo já para 2013;
11.     O combustível líquido se firma como fonte energética para os transportes. A Scania se colocou na vanguarda da utilização de etanol para o transporte público, e as contas mostram que além da resposta tecnológica dos biocombustíveis, teremos que mudar nossos hábitos e políticas sobre o transporte público;
12.      Sobre cogeração, houveram críticas com respeito ao valor da energia, e ao fato dos leilões estarem misturando gás, solar e biomassa. O diversos atores reclamam mais leilões, e separação da Biomassa. O valor ainda é desestimulante, mas como mix, ainda será o padrão em plantas Green Field, ou seja, as novas plantas sempre contemplarão a geração de energia elétrica;
13.     Todos concordam que é o Açúcar quem paga a conta, e nas palavras do presidente da Renuka, um simpático e informal indiano, “ele está casado com o açúcar, e o etanol é sua amante”;
14.       De uma maneira geral, havia muito otimismo nas plenárias, e mesmo a questão logística foi tratada como ‘equacionada’, por exemplo, por Marcos Lutz da Cosan. Ninguém bateu forte no governo sobre infra-estrutura, nem sobre o preço da gasolina, e tudo parecia de alguma forma ‘combinado’ com o governo.
15.      O BNDES veio confirmar sua participação, os empresários, todos, em uníssono disseram que existe dinheiro;
16.     Nos bastidores, porém, haviam os realistas, e os porta vozes do Apocalipse. Conversei com Maurílio Biagi, que mesmo em fase desprestigiada, acredita que os investimentos serão decididos em 2012, contratados em 2013, em que as novas plantas, desta ‘retomada’, virão só em 2014 e 2015. Disse ainda que se encontrou com Lula e ‘reclamou muito, de que os empresário que acreditaram no etanol quebraram a cara, com a manipulação do preço da gasolina’;
17.         Já o meu amigo Ericson Marino da São Martinho, acredita em um cenário bem mais otimista.
18.         Marcos Lutz disse que a Cosan (Raízen), tem ‘green fields’ na manga, e espera um marco regulatório para o etanol. Também acredita que este marco não virá em 2011.
19.     Já a BP e a Petrobrás, ao lado da Total, Amyris, UMOE, Renuka, entre outros, declaram que os investimentos seguem.
20.      A LDC não disse nada, pouco se ouviu sobre a Bunge, que não prestigiou o evento. As petroleiras mostraram sua cara, o etanol saiu da esfera agrícola, finalmente, para integrar a matriz energética;
21.      Sandeep H. Patel, um simpático indiano da Barclays Capital, representando a ponta dos investidores, em conversa de coffee break, declarou que o Brasil é atrativo, o segmento está maduro, e os investimentos estão decolando tímidos em 2011, com muita gente arrumando a casa, e virão em 2012 sem dúvida;
22.         A ETH, com informações colhidas nos bastidores, está montando um centro de investigação e pensa em novos produtos. Brevemente teremos novidades;

Estavam todos lá, havia otimismo no ar, mas cautela... Muita cautela...

Carlos Leger Sherman Palmer

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